Servidor do TSE exonerado: "Achei que estava sofrendo uma condução coercitiva"
Alexandre Gomes Machado, o servidor do TSE que coordenava a distribuição da propaganda eleitoral, confirmou a O Antagonista o teor de seu depoimento à Polícia Federal. Ele disse que procurou a PF por medo de sofrer algum tipo de violência. “Fui atendido pelo delegado de plantão, disse que temia pela minha integridade física. Tiraram meu crachá, minha credencial de acesso, sem...
Alexandre Gomes Machado, o servidor do TSE que coordenava a distribuição da propaganda eleitoral, confirmou a O Antagonista o teor de seu depoimento à Polícia Federal. Ele disse que procurou a PF por medo de sofrer algum tipo de violência. “Fui atendido pelo delegado de plantão, disse que temia pela minha integridade física. Tiraram meu crachá, minha credencial de acesso, sem nenhuma satisfação e na frente de todo mundo. Achei que estava sofrendo uma condução coercitiva.”
Machado foi exonerado ontem à noite, ao fim do expediente. Ele conta que havia encaminhado à sua chefe um email de uma rádio que admitia não ter feito inserções da campanha de Jair Bolsonaro — tema de uma denúncia apresentada ao TSE na segunda-feira (24) e anunciada em coletiva pelo ministro Fábio Faria e o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten.
“Tinha chegado esse email que comprovava de alguma forma (a denúncia), porque a rádio estava admitindo que deixou de passar 100 inserções. Vinte minutos depois, meu chefe vai para a reunião e volta pálido: ‘O Levi (secretário-geral do TSE, José Levi do Amaral Jr) falou que vai te exonerar. O ato de exoneração já está pronto’. Quando eu estava me arrumando para sair, colocaram a chefe de segurança na porta para me escoltar até a saída, até o carro. Tomaram o meu crachá. Estou tentando entender até agora o que aconteceu. A partir daí, acionei amigos e foi criando uma rede. O pessoal me arrumou uma advogada.”
Mais cedo, a assessoria de imprensa do TSE negou qualquer relação da exoneração do servidor com o caso das inserções. “Em virtude do período eleitoral, a gestão do TSE vem realizando alterações gradativas em sua equipe”, disse.
Machado entrou na Justiça Eleitoral por concurso há cerca de dez anos. Em 2014, trabalhou no núcleo que criou o Pool de Emissoras, sistema que recebe as peças de propaganda das campanhas e insere no sistema eletrônico, permitindo que rádios e TVs baixem os arquivos de áudio e vídeo para a divulgação, conforme prevê a Lei Eleitoral.
Ele conta que, em 2018, depois que o TSE cassou o registro da candidatura de Lula, muitas emissoras continuaram divulgando propaganda com o petista, o que gerou uma série de reclamações. Foi quando ele percebeu que o tribunal não possui nenhuma ferramenta capaz de fiscalizar o cumprimento dessa obrigação por parte das emissoras. “O que não está certo? Não existe controle do TSE sobre as inserções de televisão e rádio. Não tem um contrato de auditoria de mídia. Acho que se procurar inserção de TV, pode ser até pior que as de rádio. Isso é tudo feito via player.”
Na noite de ontem, a campanha bolsonarista entregou ao TSE petição em que detalha os documentos usados para sustentar a denúncia de que rádios, especialmente no Nordeste, deixaram de veicular mais de 150 mil inserções de propaganda eleitoral do presidente.
Os advogados anexaram o relatório de auditoria de mídia realizada pela empresa Audiency Brasil Tecnologia Ltda. Também fizeram um recorte amostral de oito rádios de municípios da Bahia e de Pernambuco, que deixaram de veicular 730 inserções da campanha de Bolsonaro — beneficiando indiretamente Lula.
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Comentários (6)
José
2022-10-27 15:16:13Uma coisa que aprendi na vida dentro do Serviço Público, principalmente quando se relaciona com pessoas em cargos superiores. Faça a denuncia baseada com documentos. E tenha em mãos este documentos, para fazer o devido confronto no caso de ser confrontado posterior. E esteja preparado para guerra.
Waldemar
2022-10-27 13:47:34Resolver este problema é fácil: chame a Fiscalização da ANATEL. Eles tem o poder de requerer as gravações das rádios ( que são obrigatórias) e identificar se batem ou não com o plano de veiculação definido. Dá trabalho, mas não é por que o prejudicado é o Bolsonaro e o beneficiado o Lula. É uma questão de legalidade e impessoalidade que o TSE não pode negar. Se o faz haverá uma má sinalização para o Povo.
Leandro Domingues
2022-10-27 09:27:11Isso é a antessala da derrota no Domingo, estão preparando os subterfúgios da coroação da incapacidade do governo atual em gerir o país. Esse servidor parece ser da linha bolsonarista, supremacistas de extrema direita, em suma, rebanho de imbecis.
Tania
2022-10-26 16:55:22Ele é concursado tem que ter inquérito administrativo. Isto está cheirando mal.
Ivan
2022-10-26 16:41:04Por que Crusoé não informa que o funcionário é bolsonarista e já compartilhou fakenews contra Lula? Tá na cara que isso tudo é onda pra tumultuar...Tudo o que os fiéis da seita bolsonarista adoram..
Amaury G Feitosa
2022-10-26 16:17:31Um servidor público concursado não pide ser demitido desta forma sem inquérito que apura eventual conduta inadequada ou crime ... no caso foi intimidado? por que? Tem algo pôdre no Reino da Dinamarca? O que há por trás desta história bem fedidinha?