Rubio defende AfD após ser considerada de extrema-direita
Secretário americano afirmou que agência de espionagem recebeu "novos poderes para vigiar a oposição"

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, saiu em defesa do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), após a classificação da sigla como uma "organização extremista de direita" pela agência de espionagem alemã.
Segundo Rubio, o Gabinete Federal para Proteção da Constituição da Alemanha (BfV, na sigla em alemão) recebeu "novos poderes" para vigiar a oposição.
Na avaliação do secretário, as políticas de imigração de fronteiras do atual governo é que são "extremistas".
"A Alemanha acaba de dar à sua agência de espionagem novos poderes para vigiar a oposição. Isso não é democracia — é tirania disfarçada.
O que é realmente extremista não é a popular AfD — que ficou em segundo lugar nas eleições recentes —, mas sim as políticas mortais de imigração de fronteiras abertas do establishment, às quais a AfD se opõe.
A Alemanha deveria mudar de rumo", escreveu no X.
Em 2024, a AfD conquistou a segunda maior bancada no Parlamento alemão, com 152 representantes.
Classificação
Eis o comunicado da agência de inteligência.
"A compreensão do povo baseada na origem étnica que prevalece no partido não é compatível com a ordem básica democrática livre. Ela visa excluir certos grupos populacionais da participação igualitária na sociedade, submetê-los a um tratamento desigual inconstitucional e, assim, atribuir-lhes um status legalmente desvalorizado. Especificamente, a AfD, por exemplo, não considera cidadãos alemães com histórico de migração de países predominantemente muçulmanos como membros iguais do povo alemão, conforme definido etnicamente pelo partido.
Essa compreensão excludente do povo é o ponto de partida e a base ideológica para uma agitação contínua contra certos indivíduos ou grupos de pessoas, com a qual eles são geralmente difamados e desprezados, e medos irracionais e rejeição deles são despertados. Isso se reflete nas inúmeras declarações xenófobas, antiminorias, anti-islâmicas e anti-muçulmanas feitas continuamente por altos funcionários do partido.
Em particular, a agitação contínua contra refugiados e migrantes promove a disseminação e o aprofundamento de preconceitos, ressentimentos e medos em relação a esse grupo de pessoas. A desvalorização dos grupos de pessoas acima mencionados também se reflete na utilização generalizada de termos como 'migrantes de faca' ou na atribuição geral de uma tendência etnoculturalmente condicionada para a violência por parte de membros destacados da AfD."
O que define a extrema direita
Como mostrou Crusoé, a classificação mais aceita atualmente no meio acadêmico é a que foi esquematizada pelo cientista político holandês Cas Mudde, da Universidade da Georgia, nos Estados Unidos.
Mudde é um dos maiores estudiosos dos fenômenos do extremismo político e do populismo nos dias de hoje.
O campo da direita é dividido em extrema direita, direita radical, direita e centro direita. À esquerda, a mesma coisa: extrema esquerda, esquerda radical, esquerda e centro esquerda. A separar os dois lados está o centro político.
Mudde caracteriza o extremismo, tanto à direita quanto à esquerda, como a rejeição à soberania popular por meio do voto, à ordem constitucional e, por extensão, à própria democracia. A extrema direita e a extrema esquerda, portanto, almejam a substituição de regimes democráticos por ditaduras. Exemplos atuais seriam movimentos neonazistas ou neofascistas, de um lado, e partidos comunistas ao estilo soviético, de outro.
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Comentários (1)
Denise Pereira da Silva
2025-05-02 17:02:35O governo alemão está trabalhando para tornar inconstitucional que movimentos extremistas venham a se tornar maioria no parlamento. Torço para que tenha sucesso.