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Reino Unido: projeções apontam vitória massiva da oposição nas eleições

04.07.24 18:13

Diversos veículos da imprensa já divulgaram, pelo início da noite, suas projeções do resultado das eleições no Reino Unido nesta quinta-feira, 4 de julho.

Todas apontam uma vitória massiva do partido da oposição, Labour, sobre o Conservador, que está no poder há cerca de 15 anos.

A expectativa é que os trabalhistas assumam 410 dos 650 assentos da Câmara dos Comuns, quase uma maioria de dois terços.

Em contrapartida, os conservadores deverão cair de 344 a 131 parlamentares.

Os conservadores perderam assentos não apenas aos trabalhistas, mas também para os social-democratas do Liberais Democratas, que devem ir de 15 a 61 parlamentares, e para os eurocéticos do Reforma Reino Unido, que passarão a ter 13 parlamentares, ante apenas um hoje.

Nunca o Partido Conservador teve uma performance tão fraca em 190 anos de história na política britânica. Para o Partido Trabalhista, por sua vez, este deve ser a sua maior vitória desde 1997, quando, liderados por Tony Blair, eles obtiveram 418 assentos.

Assim como nos Estados Unidos, as projeções da imprensa britânica tendem a ser fieis ao resultado.

Apenas uma projeção falhou nas últimas seis eleições nacionais, em 2015.

Os resultados oficiais devem ser confirmados nas próximas horas.

“A todos os que fizeram campanha pelo Trabalhismo nestas eleições, a todos os que votaram em nós e depositaram a sua confiança no nosso novo Partido Trabalhista – obrigado”, escreveu o líder trabalhista, Keir Starmer, no X, antigo Twitter, após o fechamento das urnas, às 18h em Brasília.

Quem é Keir Starmer, que será o novo primeiro-ministro do Reino Unido?

 

Sir Keir Starmer (foto), um parlamentar que representa dois bairros na região central de Londres, deve ser alçado ao cargo de primeiro-ministro do país, substituindo Rishi Sunak.

O nome de Starmer ainda é desconhecido internacionalmente e, estranhamente, também é desconhecido dentro do próprio país. Um advogado de formação, Starmer tem 61 anos e se notabilizou por trabalhar nas negociações do Acordo de Belfast, que resolveu as disputas entre a Irlanda e a Irlanda do Norte e definiu a fronteira que acabou com a guerra entre as duas repúblicas. Ex-procurador-geral do país, desde 2014, é deputado do partido e desde 2020, é o líder da bancada, quando sucedeu a Jeremy Corbyn, de uma corrente mais à esquerda do partido.

Starmer não é uma figura conhecida por seu carisma — em recentes entrevistas, quando questionado sobre um único fato interessante em sua vida, respondeu que estudou violino na mesma sala que o músico Fatboy Slim. Isso, no entanto, tem importado menos ao eleitor britânico, que tem um objetivo mais claro em mente: tirar o partido Conservador do poder, praticamente a qualquer custo, não importando muito quem entre no lugar.

O atual primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, carregou o partido a uma das piores performances em quase 190 anos de existência.

O descontentamento com as políticas de austeridade do partido (que levaram a um aumento no custo de vida, deterioração na assistência social e, principalmente, no invejado sistema de saúde britânico) levou a uma insatisfação tão popular grande que os conservadores correm o risco de cair da liderança para a terceira maior bancada, rompendo um antigo duopólio com os trabalhistas.  

Não que Starmer, o virtual substituto, tenha visões muito distintas: de uma ala mais ao centro dos trabalhistas, ele tem uma plataforma onde garante maior dureza com a imigração ilegal, assim como não deve desfazer as medidas de austeridade instaladas pelos conservadores. Ele ainda defendeu Israel sobre a guerra em Gaza, o que irritou parte da base do partido com visões pró-Palestina e eventualmente pró-Hamas.

O plano de governo apresentado por ele mistura uma esquerda macia com um centrismo macio: uma nova estatal cuidaria de descarbonizar a geração de energia até 2030 — sem o aumento de imposto. Há compromissos em taxar escolas privadas para financiar escolas públicas e redução na fila da saúde. Não há compromisso em taxação a ricos (algo que Corbyn, seu antecessor, pregava) e com o fim de uma política que garante assistência social apenas aos dois filhos mais velhos de cada família.

Há quem veja no discurso uma tentativa de apelar ao voto indeciso, parecendo palatável aos eleitores de direita saindo fora do barco conservador. Ele, no entanto, mantém seu discurso ensaboado: “Essa é a minha visão: um Reino Unido uma vez mais a serviço do trabalhador”, disse ele recentemente. “País primeiro, partido depois.”

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