Quem poderia parar Donald Trump?
Inflação e recessão poderiam afastar eleitores e prejudicar o Partido Republicano nas eleições de metade do mandato no ano que vem

Bolsas de ações caíram no mundo inteiro nesta segunda, 7, dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (foto), anunciar um aumento nas tarifas de importação de produtos de vários países.
Representantes de mais de cinquenta países estão negociando com os Estados Unidos para tentar um alívio nas taxas.
Mas Trump parece irredutível.
Nesta segunda, ele publicou uma mensagem na rede Truth Social defendendo suas medidas e ameaçando subir as tarifas contra produtos chineses de 34% para 50%.
Quem poderia parar Trump?
Os eleitores
O tarifaço de Trump levou o banco Goldman Sachs a elevar as chances de recessão nos EUA para 45%.
Já surgiram especulações de que o Banco Central americano, FED, estaria planejando cortar antecipadamente os juros, para evitar uma recessão e aquecer a economia.
Contudo, isso poderia aquecer a inflação, elevando o descontentamento da população com o governo Trump.
Uma pesquisa do Wall Street Journal publicada na sexta, 4, apontou que 52% dos americanos desaprovam a maneira como o presidente está lidando com a economia.
E 54% são contra o aumento das tarifas de importação de produtos de outros países, enquanto 42% são a favor.
A Constituição não permite que Trump busque um novo mandato para presidente, mas ele e seu partido, o Republicano, precisa se preocupar com as eleições legislativas de metade do mandato, que ocorrerão no ano que vem.
Se o presidente piorar a situação econômica, ele perderá o apoio dos eleitores mais moderados, que escolheram Trump por sua promessa de reduzir a inflação.
Entre eles estão os eleitores jovens, os latinos, os homens negros e os independentes.
O Partido Republicano
Hoje, o Partido Republicano, de Trump, tem uma margem estreita nas duas Casas legislativas, o que dá muita liberdade de ação para o presidente.
Das 435 cadeiras na Casa dos Representantes, o Partido Republicano tem 220. Se perder três cadeiras, os republicanos perdem a maioria.
No Senado, os republicanos têm 53 cadeiras de um total de 100.
Há ainda o risco de o Partido Republicano perder a maioria antes mesmo da eleição.
Isso poderia acontecer se Trump indicasse algum deputado ou senador para um cargo no governo.
Nesse caso, a vaga teria de ser preenchida após nova eleição no distrito do parlamentar que deixou o posto.
Mas o Partido Republicano já não pode se dar a esse luxo em vários distritos.
Se tentar uma nova eleição, pode perder para um democrata.
Trump já cogitou indicar a deputada Elise Stefanik, de Nova York, para ser a embaixadora dos Estados Unidos na ONU.
Desistiu porque entendeu que um democrata poderia ser eleito para o lugar dela.
A vantagem dos republicanos na Câmara dos Deputados ficaria perigosamente apertada.
"É essencial que mantenhamos todas as cadeiras republicanas no Congresso", escreveu Trump na rede Truth Social.
"Com uma maioria muito apertada, não quero arriscar que mais ninguém concorra à cadeira de Elise", explicou.
O medo de perder a maioria legislativa e a defesa do livre mercado já levaram pelo menos dez republicanos — entre eles os senadores Ted Cruz e Rand Paul — a criticar abertamente as políticas tarifárias de Trump.
"As tarifas são um imposto sobre os consumidores, e não sou fã de aumentar os impostos sobre os consumidores americanos, então minha esperança é que essas tarifas tenham vida curta e sirvam como alavanca para reduzir as tarifas em todo o mundo", disse Cruz para a Fox News.
Bilionários amigos
O presidente também sofre pressão de empresários que apoiaram sua candidatura e exercem alguma influência sobre Trump.
Tim Cook, diretor-geral da Apple, tem prometido a Trump investir nos Estados Unidos.
Mas a Apple foi a empresa mais foi afetada pelas tarifas de produtos chineses, pois tem fábricas no país asiático.
Um dia após o anúncio das tarifas, a Apple perdeu 311 bilhões de dólares em valor de mercado.
Outros empresários que apoiaram Trump na campanha e perderam bilhões com as tarifas são Elon Musk, da Tesla; Marck Zuckerberg, da Meta; e Jeff Bezos, da Amazon.
O bilionário Bill Ackman, que apoiou Trump em 2024, chamou o tarifaço de "inverno nuclear econômico".
Ackman também disse que o presidente americano "está perdendo confiança" dos líderes empresariais de todo o mundo.
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