Quem mandou matar Miguel Uribe na Colômbia
Diretor da Polícia Nacional afirmou que as evidências apontam para a Segunda Marquetalia, dissidência das Farc apoiada por Maduro

Morreu nesta segunda, 11, o ex-candidato presidencial da Colômbia, Miguel Uribe, depois de resistir por dois meses no hospital.
No início de junho, um menor de idade se aproximou de um ato de campanha de Miguel Uribe e disparou vários tiros. Dois acertaram a cabeça da vítima e outro, a perna.
Na semana passada, o diretor da Polícia Nacional da Colômbia, Carlos Triana, afirmou que "neste momento, todas as evidências apontam que, muito seguramente, a Segunda Marquetalia forma parte dessa rede em termos de quem ordenou [o assassinato], mas ainda estamos realizando a investigação".
Dissidência das Farc
A Segunda Marquetalia é um grupo dissidente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Em 2016, o governo do presidente colombiano Juan Manuel Santos assinou um acordo de paz com as Farc, em que o grupo terrorista e narcotraficante aceitou entregar as armas.
Um grupo dissidente, comandado por Iván Márquez (foto) e Jesús Santrich, recusou-se a aceitar o fim do conflito e obteve refúgio na Venezuela, sob a ditadura de Nicolás Maduro.
Santrich foi eliminado por um grupo rival em território venezuelano, em 2021.
Há rumores não confirmados de que Márquez também foi morto em 2022, também na Venezuela.
Crime organizado
O temor dos colombianos é que o assassinato de um político pelo crime organizado sinalize uma volta ao passado de violência.
Durante o governo de Gustavo Petro, que teve início em 2022, houve um aumento da produção de cocaína.
Entre 2022 e 2023, a elevação na produção foi de 53%, de acordo com a ONU.
Petro prometeu negociações de cessar-fogo com grupos armados, como o Exécito de Libertação Nacional (ELN) e o Clã do Golfo.
Nenhum acordo foi obtido.
O único resultado foi o aumento do território controlado pelo crime organizado.
O número de cidades com a presença do Clã do Golfo subiu 55% entre 2022 e 2024, de segundo relatório da Human Rights Watch.
A Segunda Marquetalia ampliou o número de municípios em 30% no mesmo período.
O ELN aumentou sua presença em 23%.
Para piorar, um ex-ministro de Gustavo Petro o acusa de ser viciado em drogas.
"O presidente da Colômbia, país da coca, caiu na armadilha. No vício do arbusto, a coca, em que os plantios destinados ao seu cultivo crescem no país exponencialmente. Como cresce o crime, seu tráfico assassino, a morte, o dinheiro corrupto. E, você, consumidor senhor presidente", escreveu o ex-ministro de Relações Exteriores da Colômbia Alvaro Leyva Durán, no início de maio.
A Colômbia terá eleições presidenciais no próximo ano e, não por acaso, os candidatos à frente nas pesquisas são aqueles que prometem o combate ao crime organizado.
Os colombianos não querem um retorno ao passado.
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