Putinismo de Berlusconi é popular, mas não influenciará o governo
O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi (foto) foi eleito senador neste domingo, 25, pelo partido Forza Itália, que irá participar da coalizão de direita comandada por Giorgia Meloni, do Irmãos da Itália. Aos 85 anos, Berlusconi tem defendido com fervor o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro. Na...
O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi (foto) foi eleito senador neste domingo, 25, pelo partido Forza Itália, que irá participar da coalizão de direita comandada por Giorgia Meloni, do Irmãos da Itália.
Aos 85 anos, Berlusconi tem defendido com fervor o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro. Na semana passada, o italiano disse que Putin "foi pressionado pelo povo russo, por seu partido e por seus ministros a inventar essa operação especial”. Não há, porém, qualquer evidência de que Putin tenha sido empurrado para tomar sua decisão, hoje um fracasso completo. Além disso, o povo russo não parece ser a favor da guerra, tanto que atualmente está fugindo do país para não ter de se alistar. Berlusconi também falou que o objetivo do presidente russo seria o de instalar, em Kiev, um governo de "pessoas decentes". O presidente eleito da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, aparentemente não se encaixa nessa categoria, na sua opinião.
Apesar dessas declarações, não se considera que a inclinação de Berlusconi à Rússia terá espaço no novo governo. "A centralidade dele na política italiana vem diminuindo na última década, também por razão de sua idade. Enquanto o Forza Italia de Berlusconi foi o principal partido da coalizão de centro-direita por muito tempo, agora é um sócio menor, sofrendo pesadas perdas eleitorais e perdendo importância dentro da coalizão de centro-direita", diz o cientista político italiano Marco Improta, professor da Libera Università Internazionale degli Studi Sociali, LUISS, em Roma.
Matteo Salvini, que comanda o Liga, também é pró-Putin e irá participar da coalizão de governo. Mas Giorgia Meloni, a integrante mais forte na agrupação, tem mantido uma postura firme de apoio à Ucrânia. Além do mais, por questões financeiras e diplomáticas, ela teria dificuldade de romper nessa questão com a União Europeia.
Mas as falas de Berlusconi a favor do Kremlin, embora tenham poucas chances de interferir no governo, caem muito bem no gosto de uma grande parcela do público italiano. Entre as nações do Ocidente, a Itália está entre aquelas em que a população mais reluta em culpar a Rússia pela guerra. Para 33% dos italianos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, Otan, também deve ser responsabilizada. No Reino Unido, só para comparação, essa fatia é de 9%.
"A crítica branda de Berlusconi à Rússia se encaixa bem com o público italiano em geral. Antes da invasão, a maioria apoiava a retirada das sanções e acreditava que a cooperação com a Rússia era benéfica para combater o terrorismo", diz Matthew Bergman, professor de política comparada na Universidade de Viena, na Áustria.
Segundo Bergman, além de Berlusconi, o partido Liga e o Movimento 5 Estrelas, que participaram de coalizões recentes no governo, também eram menos hostis aos russos. "Vale lembrar que a região de Vêneto, que é a quarta maior em população, chegou até a aprovar uma resolução reconhecendo a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014."
Meloni pode até apoiar a Ucrânia, mas muitos italianos gostariam que ela ficasse mais perto é de Putin.
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Comentários (1)
Renato Person
2022-09-28 23:18:23Pensa em um sujeito com cara de mafioso.