Putin reabilita Stalin, em sinal de endurecimento da ditadura
No arcabouço da sua estratégia imperialista, o atual ditador da Rússia, Vladimir Putin, incluiu a reabilitação de Stalin, com reerguimento de estátuas e outras providências, ao mesmo tempo em que a Rússia avança com sua incursão da Ucrânia.

Protótipo do totalitarismo, o stalinismo foi o regime mais tenebroso da história: opressor, cruel, assassino; a comparação possível é com o nazismo, mas o stalinismo fez um número muito maior de vítimas.
Antes dos campos de concentração nazistas, o stalinismo já utilizava os seus gulags para extermínio em larga escala.
Os gulags eram campos de trabalhos forçados para onde eram enviados criminosos comuns, mas em muito maior quantidade os opositores, todos que levantassem qualquer objeção ao regime absoluto de Stalin.
Nesses campos, que se estenderam pela vastidão da União Soviética desde que começaram a ser promovidos por Stalin em 1930, os trabalhos eram forçados geralmente até a morte por fome, maus-tratos e torturas. Milhões de pessoas foram assim exterminadas até um pouco depois da morte do tirano, que ocorreu em 1953.
O totalitarismo soviético não deixaria de usar do apelo religioso para submeter as mentes, e instituiu o infame “culto a personalidade de Stalin” representante na terra da trindade Marx-Engels-Lenin.
Apesar do fanatismo por Stalin – que arrebanhava multidões dentro e fora da União Soviética – e da narrativa comunista mistificadora –, as monstruosidades cometidas ao longo do período de Stalin não puderam ficar escondidas e os próprios tiranos sucessores, reconhecendo o horror, resolveram colocar limites nas atrocidades e promover a desestalinização.
Em 1956, Nikita Kruschev chocou seus colegas de governos com discurso e relatório contundentes denunciando os horrores do stalinismo e propondo não apenas o fim das práticas criminosas, mas também o fim do culto a Stalin.
Apesar do choque e até da fúria de alguns colegas, a desestalinização tornara-se caminho sem volta, com derrubada de estátuas, mudança de nome de cidade e tudo mais que afastasse o maligno.
Pois bem, no arcabouço da sua estratégia imperialista, o atual ditador da Rússia, Vladimir Putin, incluiu a reabilitação de Stalin, com reerguimento de estátuas e outras providências que se vão tomando ao mesmo tempo em que a Rússia avança com sua incursão da Ucrânia.
No XIX Congresso do Partido Comunista da Federação Russa, realizado em 2025, em meio às comemorações dos 80 anos da vitória sobre o nazismo, o Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), liderado por Gennady Zyuganov, defendeu a “restauração da plena justiça histórica” em relação a Stalin, repudiando o relatório de Khrushchev de 1956 e convocando Putin a renomear Volgogrado como Stalingrado.
Em maio de 2025 foi reinstalada, no metrô de Moscou, na estação Taganskaya, um alto-relevo que mostra Stálin sendo saudado por trabalhadores, embaixo de uma imagem de Lênin. Trata-se de uma réplica que havia sido instalado nos anos 1950, mas destruída em 1965, durante a campanha de desestalinização.
Além disso, livros didáticos aprovados por editoras vinculadas a forças pró-Kremlin passaram a descrever Stalin como “líder eficiente” e justificar medidas como os expurgos e os campos de trabalho.
Em 2024, o Museu do Gulag foi fechado sob justificativas de segurança e até hoje não reaberto. Em 2021, A ONG Memorial, dedicada à preservação da memória dos crimes soviéticos, já havia sido foi fechada, acusada de distorcer a história.
A mensagem de Putin ao reerguer Stalin deveria ser alarmante, pois indica não só que toda a larga extensão das repúblicas que fizeram parte da extinta União Soviética fazem parte do projeto imperialista em curso, como a repressão interna, que já é muito elevada, tende a graus superiores no caminho do crime e da ferocidade.
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