Precisava lançar míssil contra lancha venezuelana?
Ação militar contra criminosos comuns pode abrir precedente perigoso para ditadores que querem aniquilar seus próprios inimigos

Militares americanos dispararam na terça, 2, um míssil contra uma lancha com onze pessoas, supostamente do cartel de drogas venezuelano Tren de Aragua, em águas internacionais do Caribe.
O míssil provavelmente foi disparado de um drone ou de um helicóptero.
Segundo a Casa Branca, todos os tripulantes morreram.
"Temos muita droga entrando em nosso país, chegando há muito tempo. Elas vêm da Venezuela — e em grande quantidade", afirmou o presidente americano Donald Trump (foto).
A ação militar não gerou declarações em defesa das vítimas, cujas identidades não foram reveladas.
A morte dos supostos narcotraficantes, assim, não deve gerar muita compaixão.
Por sua vez, a ditadura de Nicolás Maduro tentou se esquivar do assunto, dizendo que o vídeo foi produzido por inteligência artificial.
O vídeo está sendo usado por Trump para tentar melhorar sua aprovação doméstica, apresentando-se como um governo que não poupa esforços para combater o crime organizado.
Mas ficam algumas perguntas.
Precisava disparar um míssil contra um navio venezuelano?
Há evidências de que os tripulantes estavam mesmo transportando drogas?
E, se estivessem mesmo fazendo isso, eles deveriam ser mortos?
Os americanos não poderiam simplesmente abordar o navio, prender seus ocupantes e levá-los a julgamento?
"A ação dos EUA de eliminar onze narcotraficantes em uma lancha que estava em águas internacionais abre um precedente muito preocupante", afirmou no X o coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho.
"Uma ação de combate, típica de guerra, contra criminosos que, em vez de serem tratados como tal, o que implicaria na sua prisão, foram tratados como inimigos, o que implicou na sua sentença de morte. Qual é o limite para esse tipo de ação? Quem impõe tais limites? O presidente Trump? A lei lhe confere esse poder?", pergunta Paulo Filho.
Trump tem feito pouco caso da Justiça dentro e fora dos Estados Unidos, o que testa os freios e contrapesos democráticos americanos e o direito internacional.
Pior. Ao usar táticas de guerra contra criminosos comuns, ele abre um precedente que poderia ser usado por ditadores do mundo, sempre ansiosos por aniquilar seus inimigos sem ter de seguir os ritos da Justiça.
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Comentários (1)
Maglu Oliveira
2025-09-03 12:42:23Deviam jogar logo na cabeça do podre que acabava com todos os problemas