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Por que os militares deram um golpe em Mianmar

Na madrugada desta segunda, 1, os militares de Mianmar deram um golpe de estado. Diversos políticos foram presos, entre eles Aung San Suu Kyi (foto), prêmio Nobel da Paz. O golpe ocorreu horas antes de o Parlamento realizar sua primeira sessão deste ano, que validaria o resultado das eleições de novembro e escolheria os membros...

Crusoé
4 minutos de leitura 01.02.2021 16:02 comentários 6
Golpe Mianmar Militares 2

Na madrugada desta segunda, 1, os militares de Mianmar deram um golpe de estado. Diversos políticos foram presos, entre eles Aung San Suu Kyi (foto), prêmio Nobel da Paz. O golpe ocorreu horas antes de o Parlamento realizar sua primeira sessão deste ano, que validaria o resultado das eleições de novembro e escolheria os membros do novo governo.

A alegação dos militares foi a de que o governo não reconheceu fraudes eleitorais massivas em novembro. O grupo político ligado aos generais, o Partido da Solidariedade e Desenvolvimento da União (USDP na sigla em inglês), afirma que milhões de votos não foram contabilizados. Veículos internacionais de imprensa consideraram o argumento como "trumpista".

"A Comissão Eleitoral de Mianmar entendeu que ocorreram pequenas irregularidades, mas não foram registradas fraudes massivas. Isso foi confirmado por observadores locais e internacionais", diz o cientista político americano Nehginpao Kipgen, nascido em Mianmar, diretor-executivo do Centro de Estudos Asiáticos da Universidade Global Jindal, na Índia. Após as acusações de fraude, uma investigação foi feita a pedido do Parlamento, e não foram encontradas evidências de fraudes em grande escala. "Apesar das alegações, pode-se dizer que as eleições foram livres e justas", diz Kipgen.

A raiz da questão está no ano de 2010, quando os militares permitiram a existência de um governo semidemocrático, na esperança de que poderiam controlá-lo. Mas, eleição após eleição, eles perceberam que não seriam páreo para o partido de Aung San Suu Kyi, o Liga Nacional pela Democracia. Na eleição de novembro, esse grupo conseguiu 83% das cadeiras no Parlamento. O resultado foi até melhor do que o obtido em 2015, quando foi realizada a segunda eleição após o fim da ditadura.

A popularidade crescente do partido de Aung San Suu Kyi se explica justamente pela oposição aos militares. "Depois de cinco décadas de ditadura, o povo não quer um retorno ao passado. Os resultados das últimas eleições mostram isso claramente", diz Kipgen. "Para muita gente, o partido de Aung San Suu Kyi era o único capaz de evitar uma volta à ditadura e de se contrapor à crítica internacional contra a repressão aos rohingyas."

Em 2017, militares de Mianmar, com apoio de grupos budistas, atacaram vilas da minoria muçulmana rohingyas, a qual não é reconhecida pelos demais habitantes do país. Cerca de 700 mil rohingyas fugiram para Bangladesh para não serem mortos. Aung San Suu Kyi não condenou o episódio e ficou do lado dos militares.

Além de perder capital político, os militares também viram seu poder econômico minguar. "Na ditadura, eles lucravam com todos os recursos do país e com isso enriqueceram bastante. Depois, muitas empresas deixaram de fazer negócios com as firmas militares e passaram a comercializar apenas com companhias de civis. Os militares perderam a vantagem econômica que eles tinham", diz Kipgen.

Após dar o golpe, os militares de Mianmar prometeram um estado de emergência durante um ano, depois do qual novas eleições serão realizadas. Há muita incerteza sobre o que eles poderão fazer nesse tempo. Uma das possibilidades é que tornem a Liga, de Aung San Suu Kyi, ilegal. É bem provável que manifestações populares ocorram nos próximos meses, uma vez que a aprovação dos fardados é muito baixa. Na última eleição, o partido USDP, apoiado por eles, conseguiu apenas 6% dos votos. Aung San Suu Kyi pediu para que seus apoiadores resistissem ao golpe. "O povo de Mianmar está furioso por ter sido forçado a voltar a um passado sombrio de ditaduras militares e provavelmente não aceitará isso sem fazer nada", diz Phil Robertson, especialista em Ásia da ONG Human Rights Watch.

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Comentários (6)

CLAUDEMIR

2021-02-02 08:44:32

Não se esqueçam que o Bozo e alguns generais de pijama tentaram isso no Brasil no ano passado.


Stefano

2021-02-01 20:03:27

Militar sem ter o que fazer, sempre dá merd@. Eles entram para a política e acham que devem ficar lá para sempre. Vejam os militares americanos, não se envolvem em lambanças. Estão sempre trabalhando em algum conflito pelo mundo. #wakeupdeadman


Jaime

2021-02-01 18:37:29

Pepino semelhante ao ocorrido nos States. Em ambos os casos, confirmaram existie fraudes, mas não suficiente para definir a eleição. Como quantizaram isso, afinal? No q tange o Direito, qualquer ato da Administração pública que tiver erro em qualquer momento, será nulo. Com Trump, o argumento não vingou. Nesse outro país, resolveram ir pra cima. Motivos? Algums dizem isso, outros dizem aquilo, mas é a população quem deve decidir:or pra ruas, apoiando o golpe, ou enxotando os golpistas.


Peter

2021-02-01 18:34:12

Péssimo exemplo de DT fazendo escola. Triste e trágico. Vai impedir o desenvolvimento do surrado país.


Nádia

2021-02-01 17:02:34

Dá nem pra comentar isso. Fraude em eleições usada como desculpa para eventos.. Onde será q já vi isso?? E, além de onde vi, onde será q ouvi a respeito disso como possível justificativa para determinadas coisas.. Onde será?


Ricardo

2021-02-01 16:46:46

a política de surpresa se faz


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