Por que o MPF não quer acordo com Bolsonaro no caso ‘Wal do Açaí’
A nova Lei de Improbidade Administrativa, sancionada em outubro do ano passado, trouxe incontáveis retrocessos no combate à corrupção. Mas, segundo especialistas, pelo menos um dispositivo representou um avanço no trabalho do Ministério Público. O texto prevê a possibilidade de celebração de acordos de não persecução civil -- mecanismo que encerra a ação de improbidade...
A nova Lei de Improbidade Administrativa, sancionada em outubro do ano passado, trouxe incontáveis retrocessos no combate à corrupção. Mas, segundo especialistas, pelo menos um dispositivo representou um avanço no trabalho do Ministério Público. O texto prevê a possibilidade de celebração de acordos de não persecução civil -- mecanismo que encerra a ação de improbidade mediante o cumprimento de algumas condições pelos investigados, entre elas a reparação integral do dano.
Com a homologação do acerto, a ação é encerrada e o acusado sai sem punição. A depender da gravidade dos fatos, no entanto, nem sempre a negociação é possível. No caso de Jair Bolsonaro, que na última semana foi alvo de uma ação de improbidade, o Ministério Público Federal já decidiu que não há nenhuma possibilidade de acordo.
O processo foi motivado pelo caso, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, que envolve a nomeação de Walderice Santos da Conceição como assessora parlamentar do antigo gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Conhecida como Wal do Açaí, ela figurou na lista do auxiliares do gabinete durante 15 anos, mas nunca pisou em Brasília. Os procuradores sustentam que era uma funcionária fantasma. Segundo eles, Wal do Açaí devolvia até 95% dos salários que recebia, com conhecimento do então deputado Bolsonaro.
“No caso, o acordo de não persecução civil não se mostra suficiente e adequado para a proteção dos bens violados, tampouco para a reparação do dano causado, tendo em vista as circunstâncias reveladas ao longo da investigação”, sustentam os procuradores que assinam a petição protocolada na Justiça Federal.
Os integrantes do MPF argumentam que a conduta de Bolsonaro “desvirtuou-se demasiadamente do que se espera de um agente público”. “No exercício de mandato parlamentar, ele não só traiu a confiança de seus eleitores, como violou o decoro parlamentar, ao desviar verbas públicas destinadas a remunerar o pessoal de apoio ao seu gabinete e à atividade parlamentar. Para tanto, valeu-se de expedientes fraudulentos, como a inserção de declarações ideologicamente falsas, para atestar o regular cumprimento da jornada laboral de 40 horas semanais”, prossegue o texto da denúncia.
O fato de o presidente da República não ter prestado nenhuma das informações requisitadas pelo Ministério Público Federal também é apontado como outra justificativa para barrar qualquer possibilidade de acordo para encerrar a ação. “O acordo de não persecução penal revela-se insuficiente e desproporcional para punir os atos ímprobos, dolosamente praticados”, explicam os procuradores.
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Comentários (10)
Persio
2022-03-28 19:41:06Num governo que não tem corrupção (rsrsrsrsr) este caso foi simples treino e foi ensinado com muito sucesso aos filhos e sucessores. Muito talento e pouca vergonha para desrespeito generalizado.
Clayton De Souza PONTES
2022-03-28 15:50:27Descalabro total com a coisa pública. Não podemos ficar com o atual PR e o antigo ladhrão Lula no 2o turno. Força pra se contruir a 3a via. #NemLulaNemBolsonaro
José
2022-03-28 12:05:06Quando puxar a primeira pena vem o galinheiro inteiro!! Veremos!!
CARLOS HENRIQUE SCHNEIDER
2022-03-28 08:41:32Este crime é de domínio público. Bolsonaro conta com seus pares no Congresso Nacional, aqueles que também usam as mesmas práticas, para ajustar a legislação em seu favor. Obviamente que ele conta com o apoio do próximo presidente para materializar isto junto ao Congresso e STF. Terá este apoio?
Mathilda
2022-03-28 08:36:10Bla bla bla… Isso não dá em nada!!! Com esse STF corrupto, daqui a pouco tá tudo esquecido!!! Esses políticos e essa estrutura de estado é um lixo!! Falta consciência pra essa gentalha que governa o país!!! Infelizmente
Heloisa
2022-03-28 08:24:47Duvido que a Justiça Tupiniquim , infestada de bolsominios agraciados com uma robusta cadeira no STF, vai ter brio e caráter suficientes para julgar este estelionatário eleitoral .
José
2022-03-28 06:49:49Ele vai chamar o Gilmar o garantista da impunidade
Emerson
2022-03-27 21:07:04Se uma pessoa comum fizesse o que Bolsonaro fez, inserindo informação falsa num documento, por exemplo, já estaria respondendo a um processo criminal.
Moro 2022
2022-03-27 18:30:18A sensação que tenho e q o MPF como todo pais esta também aparelhado pelos politicos e suas promessas de riquesas e novos postos dentro do governo. Vejo uma guerra ferrenha dentro do MPF dos bons promotores contra os contaminados pela ganancia de poder, dinheiro e status. Infelizmente essa tomada geral do pais por grupos mal intencionados e seus articuladores que a décadas vão se enraizando por todo o pais esta muito forte e controlam tudo e a todos, inclusive a justiça brasileira. SOCORRO!
Marina
2022-03-27 16:13:36O MP tb falhou ao deixar tantos desvios da familia passar em branco possibilitando a eleição e a escalada de corrupção e, principalmente, a impunidade que se instalou no país.