Por que Medvedev radicalizou - e por que isso importa
Ex-presidente russo virou linha-dura após perder espaço no poder; discurso beligerante aponta riscos da escalada retórica no entorno de Putin

Dmitri Medvedev (à direita na foto), presidente da Rússia entre 2008 e 2012, era visto como símbolo de uma possível abertura no regime de Vladimir Putin (à esquerda na foto).
Defendia modernização tecnológica, diálogo com o Ocidente e reformas institucionais. Treze anos depois, tornou-se um dos principais defensores do discurso de guerra e confronto com a Otan.
Suas postagens mais recentes incluem ameaças de retaliação nuclear, ataques a jornalistas estrangeiros e declarações sobre a “inevitabilidade” de um conflito global.
O que explica essa guinada — e por que ela importa?
A mudança começou após a invasão da Ucrânia, em 2022. Desde então, Medvedev abandonou o tom diplomático.
Em vez do ex-liberal que se reunia com Barack Obama e promovia o “reset” nas relações russo-americanas, emergiu um político que defende ataques contra tribunais internacionais e que descreve adversários como “degenerados”.
Em maio, ameaçou jornalistas britânicos, afirmando que “tudo é possível em Londres” — uma referência a possíveis ações russas no território do Reino Unido.
Movimento calculado
O cargo que ocupa hoje, de vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, é de caráter consultivo e com pouca influência prática.
A nova projeção de Medvedev vem quase exclusivamente do espaço digital, onde suas falas ganham destaque por seu tom beligerante.
Analistas veem nessa radicalização um movimento calculado: ao adotar a retórica mais dura, ele busca se manter visível no sistema político dominado por Putin e agradar os setores mais nacionalistas.
Alerta
Sua transformação serve como alerta.
Primeiro, revela como a elite russa, mesmo os antigos reformistas, se adapta ao ambiente autoritário e reforça a escalada verbal como meio de sobrevivência política.
Segundo, mostra como a retórica extrema se naturalizou no alto escalão russo — mesmo quando parte de figuras sem poder executivo direto.
Por fim, suas falas ampliam os riscos de erro de cálculo em um cenário global já tensionado, sobretudo quando envolvem armas nucleares.
Medvedev é hoje um exemplo de como o radicalismo se tornou requisito para relevância política em regimes autoritários.
Seu caso ajuda a entender o funcionamento interno da cúpula russa, onde a moderação não tem espaço — e onde a palavra continua sendo uma arma estratégica.
Leia mais: Rússia pressiona Brasil por maior apoio na guerra da Ucrânia
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Comentários (1)
LuÃs Silviano Marka
2025-05-29 13:09:08Outra explicação é o excesso de vodka. Medvedev é um notório alcóolatra, e com certeza faz essas postagens sem pé nem cabeça porque mete o pé na jaca, enche a caveira de trago e vai postar essas mredas.