Por que a França vai para o segundo turno de suas eleições parlamentares?
A França retorna às urnas neste domingo, 7, para o segundo turno das eleições parlamentares. Na semana passada, o partido Rassemblement National (Reunião Nacional ou RN,), comandado por Marine Le Pen, garantiu a liderança da direita conservadora, com cerca de 33% dos votos. No entanto, o resultado não garante a maior bancada para a legenda...
A França retorna às urnas neste domingo, 7, para o segundo turno das eleições parlamentares. Na semana passada, o partido Rassemblement National (Reunião Nacional ou RN,), comandado por Marine Le Pen, garantiu a liderança da direita conservadora, com cerca de 33% dos votos. No entanto, o resultado não garante a maior bancada para a legenda na Assembleia Nacional. Isso se dá porque o complexo sistema eleitoral francês prevê uma maioria absoluta até para cargos legislativos.
Nesta nova rodada de eleições, os distritos franceses votam não apenas nos dois candidatos mais votados no domingo passado — como também em quaisquer candidatos que tiveram mais de 12,5% dos votos no primeiro turno. Desta maneira, em locais onde a disputa é mais equilibrada há a chance de três ou mesmo quatro candidatos estarem no segundo turno.
Como só vence quem obtém a maioria de 50% dos votos mais um, é comum neste sistema que candidatos em terceiro ou quarto lugar abram mão de suas candidaturas, apoiando nomes com maiores chances de vitória. Até a metade dessa semana, mais de 160 concorrentes haviam dado fim às suas campanhas para apoiar partidos que performaram melhor no primeiro turno. A tática é vista como bem sucedida nacionalmente para parar partidos de direita radical e extrema direita — e foi o que segurou Marine Le Pen de chegar à presidência nas últimas eleições presidenciais.
Apenas com as apurações deste segundo turno é que os franceses conhecerão sua nova Assembleia Nacional, com 577 nomes. A partir disso, deve ser definido o primeiro-ministro, que comandará o governo.
Ainda não se sabem os vencedores, mas se sabe quem é o simbólico derrotado nestas eleições: o presidente Emmanuel Macron, que viu seu partido ficar com a terceira maior bancada, atrás de uma frente unida de esquerda e do Reunião Nacional. Apostando numa divisão do país após o RN levar a maioria na União Europeia, Macron dissolveu o parlamento e marcou, em três semanas, uma eleição pensada para três anos.
Deu tudo errado: a esquerda se uniu, e o poder do RN se consolidou. A partir deste domingo, é certo que Macron perderá poder, podendo viver em coabitação — quando seu chefe de governo será de uma visão política antagônica à sua.
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