Por que a Bolívia se saiu melhor que a Bélgica no combate ao coronavírus
Bélgica e Bolívia têm praticamente a mesma população: pouco mais de 11 milhões de habitantes. Mas enquanto a Bélgica teve 8,7 mil mortes por coronavírus, na Bolívia (foto) esse número é de 118. A Bolívia foi um dos últimos países da América Latina a registrar casos de Covid-19, no início de março — cerca de...
Bélgica e Bolívia têm praticamente a mesma população: pouco mais de 11 milhões de habitantes. Mas enquanto a Bélgica teve 8,7 mil mortes por coronavírus, na Bolívia (foto) esse número é de 118.
A Bolívia foi um dos últimos países da América Latina a registrar casos de Covid-19, no início de março — cerca de um mês após a Bélgica. Isso deu mais tempo para o governo em La Paz decretar medidas de isolamento social e orientar a população. Por outro lado, a Bolívia não tem um sistema de saúde que possa ser comparado ao da Bélgica. Na Bolívia, há uma cama de hospital para cada 1 mil habitantes. Na Bélgica, são 6 leitos para cada 1 mil.
Um dos fatores para explicar a diferença no número de mortes é que a população boliviana é mais jovem. "Na Bolívia, a maioria dos contaminados tem idade entre 30 e 50 anos. Eles têm menos comorbidades e podem se curar da doença sem a necessidade de internação", diz o médico Guillermo Cuentas, que foi ministro de Saúde da Bolívia diversas vezes até 2001. O país também é mais isolado. Não tem acesso ao mar e há poucas estradas para nações vizinhas.
Na Bélgica, a população é mais velha e cruza as fronteiras nacionais com mais facilidade. Além disso, o país acabou inflacionando suas estatísticas de coronavírus sem querer. Mais da metade das mortes contabilizadas como sendo por Covid-19 ocorreram em asilos. Em apenas 4% delas o atestado de óbito foi feito com base em um exame. Nos outros 96%, o registro foi feito apenas baseado em suspeitas.
"A Bélgica acabou ganhando a fama de o pior do lugar do mundo em termos de coronavírus. Várias mortes, mesmo de idosos com outras comorbidades, foram registradas como óbitos por Covid-19. Lá, tudo era coronavírus", diz o epidemiologista Fernando Barros, professor da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Católica de Pelotas.
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