PKK anuncia dissolução e fim do conflito com Turquia
Grupo terrorista afirmou que a "questão curda" pode ser resolvida através das vias diplomáticas

O grupo terrorista turco Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anunciou nesta segunda-feira, 12, sua dissolução e o fim de mais de 40 anos de guerra contra a Turquia.
"O 12º Congresso do PKK decidiu dissolver a estrutura organizacional do PKK e acabar com o método da luta armada. O PKK cumpriu sua missão história e conduziu a questão curda a questão curda a um ponto em que pode ser resolvida por meio de uma política democrática", disse Murat Karayilan, líder do PKK.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, comemorou a decisão.
"Avançamos com confiança em direção ao nosso objetivo de uma Turquia livre de terror, superando obstáculos, derrubando preconceitos e frustrando as armadilhas da discórdia", afirmou.
Os curdos representam 20% da população do país.
Estado curdo independente
O PKK surgiu em 1978 para lutar por um Estado curdo independente.
Os curdos são uma etnia que habita o sul e o leste da Turquia, o norte do Iraque, o oeste do Irã e o norte da Síria, mas que em nenhum desses quatro países tem um governo próprio, curdo.
O PKK é considerado como grupo terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pela Turquia pelos ataques a militares, policiais e até mesmo a escolas.
Ocalan
Um dos motivos para a assinatura do acordo é a vontade de Abudllah Ocalan, líder do PKK, que está preso em uma ilha, ganhar a liberdade.
Ele tinha sido condenado a prisão perpétua, mas algum acordo parece estar sendo gestado nos bastidores para que ele, que está com 75 anos, possa deixar a prisão.
Ocalan foi preso em 1999 e já completou 26 anos atrás das grades.
“Estou fazendo um apelo à deposição de armas e assumo a responsabilidade histórica desse apelo”, disse Ocalan em uma declaração pública. “Todos os grupos devem depor as armas e o PKK deve se dissolver”, afirmou Ocalan.
Manobra e popularidade
Para Erdogan, a dissolução do PKK pode significar um aumento de sua popularidade.
Ele pensa em ficar no poder indefinidamente e busca apoio para concorrer a um terceiro mandato como presidente, em 2028.
Em março, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a prisão de Ekrem Imamoglu, o principal rival político do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Alternando como primeiro-ministro e presidente, Erdogan governa a Turquia desde 2003.
Para seguir no comando, ele precisaria do partido pró-curdo DEM (antes conhecido pela sigla HDP).
Apesar de haver de vínculos entre o DEM e o PKK, o partido busca uma solução dentro do sistema político turco, por meio das eleições.
O DEM tem ao menos dez prefeitos em regiões de maioria curda na Turquia.
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