Petro apela para aumento do 23% no salário mínimo
"É a estratégia de Chávez, Evo, Correa e outros", criticou o ex-presidente colombiano Ivan Duque ao comentar o "salário vital" anunciado
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou na noite de segunda-feira, 29, um aumento de 23,8% no salário mínimo.
"O salário mínimo para 2026, que a partir de agora é chamado de salário vital, será de dois milhões de pesos (incluindo auxílio-transporte), conforme anunciado nesta segunda-feira, 29 de dezembro, pelo Presidente da República, Gustavo Petro, em seu discurso de fim de ano", confirmou o governo.
O "salário vital" equivale a cerca de 533 dólares (ou 2.969 reais), e o aumento vai pressionar ainda mais a inflação, que já representa um desafio ao Banco da República, o banco central colombiano.
"O salário mínimo, ou a renda familiar digna, não é individual, porque os trabalhadores geralmente não moram sozinhos", disse o presidente em pronunciamento, feito ao lado do ministro do Trabalho, Antonio Sanguino, e de sua filha mais nova, Antonella Petro.
Maior do século
O aumento é muito superior aos 16% reivindicados pelos sindicatos colombianos, e o maior do século. A última vez que o salário mínimo subiu mais de 20% no país foi em 1997.
O maior aumento do governo Petro foi em seu primeiro ano, 2022, de 13%. Em 2023, a elevação foi de 9%, seguida por outro de 5% em 2024.
A Federação Nacional de Comerciantes e Empresários (Fenalco) calcula que o custo mensal por trabalhador será de 3 milhões de pesos.
Já a Associação Nacional de Empresários da Colômbia (Andi) disse que o aumento anunciado por Petro "gera riscos significativos para as famílias colombianas e para a economia, especialmente em relação à inflação e aos preços de diversos bens e serviços, ao emprego e até mesmo às finanças públicas”.
"É a estratégia de Chávez"
O ex-presidente Ivan Duque também reclamou, em seu perfil no X:
"Aumentar excessivamente o salário mínimo, aliado a um crescimento econômico medíocre, é um ato irresponsável que levará à perda de empregos formais, à falência de milhares de empresas e causará efeitos inflacionários. É a estratégia de Chávez, Evo, Correa e outros; eles se autodenominam 'progressistas', mas na verdade empobrecem a população porque afugentam investimentos, destroem os criadores de empregos e enchem a sociedade de trabalhadores informais."
Petro reagiu às críticas publicando uma ilustração sua em forma de boneco de pelúcia (foto) no X, com a seguinte mensagem:
"Um dos meus principais defeitos é ser ingênuo e confiar demais nos outros. Mas acreditar nas pessoas não é um erro, é sempre a coisa certa a fazer."
Irresponsável
Antes mesmo do anúncio do aumento, o presidente colombiano já se antecipou às críticas, com um discurso malandro e irresponsável, ao pior estilo de Lula e da esquerda latino-americana:
"Antes de me dirigir aos colombianos, antecipo as críticas.
Todas as informações estatísticas mostram que a correlação econométrica é inversa: quanto maior o salário mínimo, menor a taxa de desemprego.
É o oposto da farsa ideológica do neoliberalismo, que é tudo o que os estudantes de economia estudam. Mesmo na Universidade Nacional, eles proibiram a economia científica; eles só ensinam as ideologias dos empresários, como diria Aristóteles: crematística.
Como disse o economista Piero Sraffa, a inflação nada mais é do que uma luta pela distribuição de riqueza. São os trabalhadores que geram riqueza. A COVID demonstrou essa lei científica da economia.
O governo não permitirá que as empresas repassem os aumentos salariais aos consumidores por meio de preços mais altos; seus lucros aumentarão não por meio de preços mais altos, mas sim por meio do aumento das vendas e da maior produtividade."
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