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    Para onde vai o lugar onde todos nós vamos um dia

    Esta matéria começa onde, diz-se, tudo acaba: nas ruelas de terra batida do Municipal Santo Antônio, um dos maiores cemitérios públicos de Osasco, na grande São Paulo. A administração do local diz que, nos últimos anos, não houve nenhuma obra ou ampliação no terreno já espremido por casas, avenidas e mesmo um hospital — mas...

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    Gui Mendes
    6 minutos de leitura 07.05.2023 17:38 comentários 0
    O Cemitério de Santo Antônio, em Osasco
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    Esta matéria começa onde, diz-se, tudo acaba: nas ruelas de terra batida do Municipal Santo Antônio, um dos maiores cemitérios públicos de Osasco, na grande São Paulo. A administração do local diz que, nos últimos anos, não houve nenhuma obra ou ampliação no terreno já espremido por casas, avenidas e mesmo um hospital — mas algo está claramente mudado: uma área antes tomada por gramados agora aparece cheia de jazigos, em sua maioria novos e bem cuidados. E um olhar atento às placas indicam que abaixo das flores ocupam pessoas que estão ali há menos de três anos. Em uma cidade que perdeu 3.156 pessoas para a Covid, não é difícil imaginar o que levou tantos novos ocupantes até ali.

    Com o anúncio da Organização Mundial da Saúde, na última sexta-feira (5), que a emergência da pandemia de fato acabou, o Brasil e o mundo poderão voltar a refletir sobre os cemitérios, talvez um dos símbolos arquitetônicos mais perenes da humanidade. Os homens enterram seus semelhantes desde ao menos 60 mil anos antes de Cristo, mas em poucos momentos cemitérios foram tão pressionados como durante as pandemias. Com as dramáticas imagens de UTIs lotadas e hospitais à beira do colapso, são as imagens dos grandes terrenos públicos que ficarão na memória destes anos.

    Em Manaus, onde uma onda devastadora da pandemia matou até 200 pessoas por dia no início de 2021, enterros eram realizados à noite, com covas abertas em direção à floresta, em cenas que se repetiam país afora. Na capital paulista, coveiros tentavam ser mais rápidos que os caixões que chegavam sem parar, abrindo covas em áreas ainda não usadas, em um momento em que o número de sepultamentos cresceu cerca de 80% em um ano. Em alguns locais, como o Santo Antônio de Osasco, caixões antigos acabaram soterrados sob os mais recentes, e lá permanecerão sem chance de recuperação.

    Os locais onde enterramos grande parte dos nossos mortos no Brasil não são tão eternos assim: até meados do reinado de Dom Pedro II, o costume era que os mortos fossem mantidos dentro de igrejas e em seus arredores. O mau cheiro dos corpos putrefatos que dominavam as igrejas (além, é claro, das doenças que isso acarreta) acabou por criar um movimento de adoção dos cemitérios, numa mudança de paradigma que se conclui com a proclamação da República. 

    “A partir da segunda metade do Século XIX, começa um movimento que só se encerra em 1889 com a proibição de sepultamento em igrejas, e há a transição da gestão dos mortos de uma esfera religiosa e católica para uma esfera mais pública”, explica Renato Cymbalista, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e um estudioso na relação da sociedade com seus mortos. 

    Alguns desses locais mais antigos, datados dessa época, espelham a estrutura de poder dos vivos: pense no São João Batista, no bairro carioca de Botafogo, onde nove ex-presidentes do Brasil, Santos Dumont, Machado de Assis e Carmen Miranda descansam em seus corredores principais, com maior destaque. Ou então o Cemitério da Consolação, localizado em um dos metros quadrados mais caros de São Paulo, onde a família Suplicy mantém um mausoléu de três andares junto a famílias com esculturas de mármore assinadas por Victor Brecheret em seus jazigos.

    Em meados do século 20, Cymbalista defende que um novo tipo de sepulcro vira tendência: o cemitério-jardim, onde as obras faraônicas, gárgulas e imagens dão lugar à paisagem e a uma sensação menos intimidatória - o Campo da Esperança, com seu formato circular quase no coração de Brasília, é um desses, assim como o do Morumbi em São Paulo, que todo 1º de Maio recebe um fluxo de visitantes em direção a uma pequena placa igual tantas outras ao seu redor. Com os dizeres “nada pode me separar do amor de Deus” em dourado, ela até passaria despercebida se não estivesse colocada acima dos restos mortais de Ayrton Senna. Para achá-la, você pode passar despercebido por outras pequenas placas como a de Elis Regina.

    Já é possível pressupor que um cemitério do futuro - para onde inevitavelmente eu e você poderemos ir em algum momento - seja cada vez mais diferente do que conhecemos hoje. Para começo (ou fim) de conversa, podemos acabar prescindindo de caixões: no auge da pandemia, mais de mil pessoas foram cremadas por mês em São Paulo, em um processo que é ambientalmente menos custoso que o enterro, sem óleos e fluídos que podem vazar do caixão e contaminar o solo (apesar de a cremação usar combustível suficiente para encher dois tanques de uma SUV). No exterior, projetos propõem que as cinzas possam virar um diamante, ser usado em tatuagens, em discos de vinil com sua música favorita.

    Estados americanos já permitem que um corpo seja usado para compostagem, o que acelera seu retorno à terra. No Canadá, um processo que promete a decomposição em água promete gastar 90% menos energia que a cremação. O fim nunca esteve tão cheio de possibilidades.

    Para a plebe, no entanto, o enterro nunca mudou muito e ainda é cedo para saber se o surto mundial de Covid mudará essa relação, argumenta Cymbalista. “A pandemia de Covid, eu acho que é muito cedo para sabermos se mudamos nossa relação com a morte ou os mortos”, defende o professor. Algumas coisas já vem mudando nos últimos anos, aliás - como por exemplo a privatização dos cemitérios. Em São Paulo, a transferência dos serviços de sepultamento para a iniciativa privada nos 23 cemitérios foi concluída em março, o que elevou os preços dos enterros em até 400%.

    Para Cymbalista, a concessão de pode ser um retrocesso. “A concessão dos cemitérios públicos precisa resguardar a possibilidade de os sepultamentos serem gratuitos”, ponderou. “Se tudo acabar sendo pago, voltamos a uma situação que já tivemos, em que as pessoas jogam seus mortos na rua por não ter dinheiro para sepultá-los, ou por não ter acesso a uma ordem religiosa para acolher seus mortos. E não podemos voltar a essa situação de barbárie.”

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    Gui Mendes é repórter em Brasília desde 2017. Na cobertura de Congresso e Justiça já escreveu para sites e jornais como Estadão, Correio Braziliense, JOTA, The Brazilian Report e Congresso em Foco.

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