Papa Francisco organiza seu legado e publica autobiografia "Esperança"
Desde março de 2019, o pontífice argentino trabalhou em colaboração com o co-autor Carlo Musso na elaboração deste livro
O papa Francisco está se dedicando a organizar seu legado, um movimento que inclui desde a nomeação de novos cardeais até a elaboração de regras para seu próprio funeral, além da publicação de sua autobiografia, intitulada "Esperança", que será lançada em mais de oitenta países ao redor do mundo.
Desde março de 2019, o pontífice argentino trabalhou em colaboração com o co-autor Carlo Musso na elaboração deste livro.
Originalmente, a publicação estava prevista para ocorrer após a morte do papa, mas conforme menciona Musso em seu prefácio, as circunstâncias atuais e o jubileu de 2025 motivaram Francisco a antecipar a liberação desse importante testemunho.
Legado
Aos 88 anos, Francisco tem se empenhado em deixar sua marca e definir seu legado. Recentemente, ele nomeou 21 novos cardeais, elevando para quase 80% a proporção daqueles que foram escolhidos por ele para o próximo conclave papal, o que significa que sua influência na próxima eleição papal será significativa.
Além disso, o papa estabeleceu novas diretrizes para funerais papais, buscando uma cerimônia mais simples e modesta.
Em sua autobiografia, ele revela que optou por não ser enterrado na Basílica de São Pedro, mas sim na Basílica de Santa Maria Maggiore, uma das principais igrejas católicas de Roma. "O Vaticano é meu último local de trabalho na Terra, mas não é o lugar onde desejo passar a eternidade", escreve.
Os Bergoglios
A narrativa do livro começa com a emigração dos Bergoglios, ancestrais do papa, da região do Piemonte para a Argentina.
Um acaso salvou os avós do papa de uma viagem trágica no navio "Principessa Mafalda", que naufragou ao largo da costa brasileira. "Por isso estou aqui hoje", observa Francisco em suas reflexões.
Homem urbano
Os autores descrevem com riqueza detalhes a trajetória da família, os altos e baixos enfrentados após a crise econômica de 1929 e o cotidiano no bairro Flores, em Buenos Aires, onde conviviam imigrantes judeus e muçulmanos, artistas e profissionais liberais. "No fundo do meu coração sou um homem urbano", confessa o papa sobre essa fase de sua vida.
Formado como químico técnico, Francisco encontrou sua vocação religiosa sob a influência de padres carismáticos. Sua jornada o levou à Companhia de Jesus, onde estudou filosofia e teologia e atuou como educador antes de se tornar provincial dos jesuítas argentinos.
Quando seu nome começou a ser cogitado como possível sucessor do papa Bento XVI após sua renúncia, surgiram rumores sobre sua suposta conivência com a ditadura militar argentina.
Na autobiografia, Francisco se posiciona como um defensor dos direitos humanos, ajudando críticos do regime e escondendo aqueles perseguidos. Ele até usou uma missa celebrada em memória da família do general Videla para questionar o ditador sobre o desaparecimento de dois jesuítas.
O papa
Ele revela que não estava preparado para ser eleito papa e que seu nome surgiu repentinamente durante as discussões.
No segundo segmento da autobiografia, há uma mudança no foco das narrativas pessoais para questões contemporâneas que moldam seu pontificado.
O co-autor Musso parece abordar as "exigências do tempo" com respostas para dilemas atuais da Igreja Católica relacionados à homossexualidade, ao papel das mulheres e à sinodalidade da Igreja.
Guerras
Francisco procura esclarecer mal-entendidos recentes sobre suas posições em temas cruciais. Em relação aos conflitos na Ucrânia e Gaza, ele enfatiza: "Não confundimos agressores com agredidos; reconhecemos o direito à autodefesa. Contudo, acreditamos que a guerra nunca é inevitável e que sempre é possível alcançar a paz."
No entanto, é evidente que o Vaticano ainda enfrenta desafios significativos para atuar como mediador efetivo nas crises da Ucrânia e Gaza.
Sua autobiografia também reflete momentos delicados nos quais seus comentários geraram controvérsias desnecessárias.
Compreendendo essas complexidades, fica claro que este livro é uma parte integral do legado deixado por Papa Francisco.
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