Gage Skidmore via Flickr

Os sinais que J.D. Vance manda para a Rússia

15.07.24 17:55

Escolhido por Trump como seu candidato a vice-presidente na candidatura deste ano, o senador por Ohio James David “J.D.” Vance (foto) representa um nome fora do establishment do Partido Republicano, mas umbilicalmente ligado a Trump e a seu projeto de poder. Um antigo crítico de Trump, hoje ele é um dos seus mais ardorosos defensores, e um dos mais alinhados à sua ideia de governo.

E isso é um bom sinal para o Kremlin de Vladimir Putin. Na sua curta carreira política (Vance, um empresário, se elegeu para seu primeiro mandato há 18 meses), ele já se alinhou à ala de Trump contra o financiamento para a Ucrânia no combate à invasão russa, que desde 2022 já ocupou um quinto do território russo. 

Em um artigo para o The New York Times em abril desse ano, Vance disse que a conta da Ucrânia aos EUA simplesmente não fecha — o país precisaria de mais homens do que é capaz de recrutar mesmo com “regras draconianas” de alistamento, e está cobrando mais armamento do que Washington e a Otan podem dar.

“A Casa Branca já disse repetidas vezes que não pode negociar com o presidente Vladimir Putin da Rússia. Isso é absurdo”, concluiu o agora candidato a vice. “O governo Biden não tem um plano viável para que os ucranianos vençam essa guerra. O quanto mais cedo os americanos se confrontem com essa verdade, mais cedo poderemos consertar essa bagunça e trabalhar pela paz.”

O discurso se encaixa como uma luva nas falas de Trump sobre a guerra: em diversos momentos ele defendeu que resolverá a questão no primeiro dia de governo — e, dado sua afinidade quase pessoal com Putin e sua antipatia à Otan, deve garantir a Moscou o direito a usufruir do que já invadiu.

No ano passado, Vance foi mais franco ainda e defendeu que a Ucrânia ceda logo os territórios à Rússia. “Para a América, o melhor é aceitar que a Ucrânia terá de ceder algum território para os russos e que precisamos dar um fim a esta guerra”, disse. Em fevereiro desse ano, ele foi até a Conferência de Segurança de Munique — onde líderes de todo o mundo foram ouvir Volodymyr Zelensky discursar — simplesmente para criticar o apoio do seu país à resistência de Kiev. Naquele dia, ele se recusou a se encontrar com o presidente ucraniano.

Biden parte para o ataque

Após o ataque a Donald Trump na Pensilvânia, que deixou o ex-presidente ferido, Biden suspendeu sua campanha e pediu união ao país. Menos de dois dias depois e ambos voltaram a se enfrentar, após Trump escolher Vance como seu candidato a vice.

“Precisamos derrotar Donald Trump e J.D.Vance nas urnas”, escreveu a campanha de Biden em um pedido de doação de eleitores. “Ele fala um monte sobre gente trabalhadora, mas agora, ele e Trump querem aumentar impostos para classe média e famílias, enquanto pressionam por cortes tributários aos ricos”, continuou. Apesar dos holofotes estarem sob Trump, a campanha de Biden segue sob pressão e pedidos para que ele abra mão da sua candidatura, em prol de Kamala Harris. 

Pelo visto, a trégua pós-atentado de sábado, entre o democrata e o republicano, já se desfez.

Leia mais em Crusoé: Por que Trump escolheu J.D. Vance como vice

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