Os conselhos do enviado especial de Trump ao Kremlin
Conversa entre Witkoff e Ushakov veio a público em meio às negociações sobre o plano de paz do governo Trump para a Ucrânia
A Bloomberg noticiou na terça, 25, que Steve Witkoff (foto), enviado especial dos EUA para missões de paz, aconselhou Yuri Ushakov, principal assessor de política externa do ditador russo Vladimir Putin, sobre como apresentar uma proposta de acordo de paz ao presidente americano, Donald Trump.
Em outubro, Witkoff sugeriu a Ushakov que o Kremlin emulasse a abordagem usada para garantir um cessar-fogo em Gaza.
Crusoé reproduz abaixo um trecho da transcrição da conversa:
"Steve Witkoff: Yuri, Yuri, eis o que eu faria. Minha recomendação.
Yuri Ushakov: Sim, por favor.
Steve Witkoff: Eu faria a ligação e reiteraria que você parabeniza o presidente por essa conquista, que você a apoiou, que você a apoiou, que você o respeita por ser um homem de paz e que você está muito feliz por ter visto isso acontecer. Então eu diria isso. Acho que, a partir disso, será uma ligação muito boa.
Porque — deixe-me dizer o que eu disse ao Presidente. Eu disse ao presidente que a Federação Russa sempre quis um acordo de paz. Essa é a minha crença. Eu disse ao presidente que acredito nisso. E acredito que a questão é — o problema é que temos duas nações que estão tendo dificuldades para chegar a um consenso e, quando chegarmos, teremos um acordo de paz. Estou até pensando que talvez possamos elaborar uma proposta de paz de 20 pontos, assim como fizemos em Gaza. Elaboramos um plano de paz de 20 pontos, o Plano Trump, que era composto por 20 pontos para a paz, e estou pensando que talvez possamos fazer o mesmo com vocês. Meu ponto é este...
Yuri Ushakov: Ok, ok, meu amigo. Acho que esse ponto específico nossos líderes poderiam discutir. Ei, Steve, concordo com você que ele vai parabenizar, vai dizer que o Sr. Trump é um verdadeiro homem da paz e blá-blá-blá. É isso que ele vai dizer.
Steve Witkoff: Mas eis o que eu acho que seria incrível."
Trump defende Witkoff
Após a repercussão negativa da conversa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu Witkoff em entrevista coletiva.
A bordo do Air Force One, o presidente americano disse que Witkoff é um "negociador" e, como tal, ele deve "vender a Ucrânia para a Rússia".
"Bem, eu não ouvi. Não, mas isso é uma coisa padrão, sabe, porque ele tem que vender isso para a Ucrânia. Ele tem que vender a Ucrânia para a Rússia. É isso que ele está fazendo. É isso que um negociador faz. Você tem que dizer: 'Olha, eles querem isso. Você tem que convencê-los disso'. Sabe, essa é uma forma muito padrão de negociação. Eu não ouvi, mas ouvi dizer que era uma negociação padrão. E eu imagino que ele esteja dizendo a mesma coisa para a Ucrânia, porque cada parte tem que dar e receber."
Witkoff deve viajar a Moscou na semana que vem, possivelmente acompanhado por Jared Kushner, genro de Trump, para conversar com o ditador russo Vladimir Putin.
A conversa entre Witkoff e Ushakov veio a público em meio às negociações de paz promovidas pela Casa Branca com Kiev em Genebra.
Representantes do governo Trump também se reuniram com enviados do Kremlin em Abu Dhabi.
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