Os atos antidemocráticos de Hebe de Bonafini: corrupção, Fidel e Farc
A argentina Hebe de Bonafini (foto), de 93 anos, morreu neste domingo, 20, em Buenos Aires. Ela se tornou conhecida pela luta por informações dos dois filhos e de uma nora, desaparecidos na ditadura militar argentina (1976-1983). Ela também fundou, em 1977, a organização Mães da Praça de Maio. Com os tradicionais lenços brancos nas...

A argentina Hebe de Bonafini (foto), de 93 anos, morreu neste domingo, 20, em Buenos Aires. Ela se tornou conhecida pela luta por informações dos dois filhos e de uma nora, desaparecidos na ditadura militar argentina (1976-1983). Ela também fundou, em 1977, a organização Mães da Praça de Maio. Com os tradicionais lenços brancos nas cabeças, suas integrantes são um símbolo da luta pelos direitos humanos.
Mas as marcas que Hebe deixou no período democrático da Argentina, que já dura 36 anos, estão longe de serem uma defesa da democracia e dos direitos humanos, como tem sido dito por políticos de esquerda nas redes sociais. Sua trajetória inclui escândalos de corrupção, apoio para derrubar governos democráticos e proximidade com ditaduras e grupos paramilitares.
Quem conta sobre a amizade entre Hebe e Fidel Castro é o parricida Sergio Schoklender. Ele a conheceu na prisão, em 1983, e depois tornou-se seu assessor administrativo. Depois de sair do cárcere, em 1995, ele organizou uma viagem de Hebe para Cuba. Adoradora de Che Guevara (que fuzilou entre duzentos e oitocentos jovens, policiais e opositores no paredón), ela fez um discurso inflado em Havana a favor da revolução, que foi bem-recebido por Fidel Castro. A relação entre os dois nasceu nesse momento.
"Hebe passou a ser um elo importante entre Cuba e as organizações argentinas. Toda vez que ela chegava à ilha, tinha carro, casa e todos os recursos que Fidel colocava à sua disposição. Então, ela se converteu em uma emissária de Fidel para os Kirchner", escreveu Schoklender em seu livro Sueños Postergados.
Foi por ordem de Fidel que Hebe marcou um encontro com Néstor Kirchner, que assumiu a Casa Rosada em 2003. Antes disso, as Mães rejeitavam todos os governos nacionais e promoviam o voto em branco. Essa postura mudou depois que o ditador cubano mandou o presidente venezuelano Hugo Chávez ir até Hebe, em sua fundação. "Trago uma mensagem do comandante Fidel Castro que pede especialmente às Mães que tenham paciência com Néstor, que é um homem com muito potencial", disse Chávez no escritório das Madres, segundo o livro de Schoklender. O assessor então enviou um pedido para a Casa Rosada. Meia hora depois, chegou a resposta de que a audiência ocorreria na manhã seguinte.
Schoklender também fala da relação de Hebe com os terroristas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, cujos comandantes visitavam as Mães com frequência. "Uma grande quantidade de jovens nos pedia para nós o colocássemos em contato com eles. Queriam ter uma experiência com as Farc. Nós triangulávamos a chegada deles com a Venezuela. Lá eles trocavam de documentos, passavam para a Colômbia e se integravam à guerrilha", escreve Schoklender. A contradição evidente é que a mãe que se dizia com dois filhos e a nora não se importou em enviar os filhos de outras tantas tantas mães para a morte. "Dos jovens que se foram, por meio de nós, poucos voltaram", escreve Schoklender. As Farc, vale lembrar, não tinham nada de democrático e buscavam derrubar o governo eleito da Colômbia.
Em 2011, Hebe foi acusada de desviar recursos públicos que sua fundação recebia dos governos peronistas. Com Néstor e Cristina Kirchner no poder, o dinheiro público irrigava os cofres da fundação, que ampliou seu escopo para englobar a construção de casas populares, em um programa chamado Sonhos Compartilhados. Das contas da fundação, o dinheiro saía sem qualquer controle para pagar as despesas de Hebe, que deixou de andar de ônibus e passou a só viajar em primeira classe. O volume desviado também serviu para comprar um apartamento para sua filha, Alejandra. A fundadora pedia para que Schoklender não contasse sobre essas coisas para as outras mães. De cada quatro pesos enviados pelo governo, um foi para os bolsos dos membros da fundação. O processo segue na Justiça argentina.
Mesmo com a idade avançada, Hebe era vista discursando às quintas-feiras na Praça de Maio com um microfone, sempre atacando com palavrões a oposição a Cristina Kirchner, de quem ela se tornou uma marionete. Este ano, ela também dirigiu várias críticas ao presidente Alberto Fernández, de quem Cristina se distanciou.
Neste domingo, 20, o governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner decretou luto por três dias. Em uma publicação nas redes sociais, Alberto disse que Hebe foi uma "lutadora incansável" que "enfrentou os genocidas".
O presidente eleito do Brasil, Lula, publicou uma foto ao lado de Hebe nas redes lamentando sua morte: "Recebi com tristeza a notícia da morte de Hebe de Bonafini, liderança das Mães da Praça de Maio, na Argentina. Sua luta e perseverança seguem sendo exemplo para os que acreditam em um mundo mais democrático".
Quem conhece a história de Hebe de Bonafini, contudo, sabe que ela não teve nada de democrata nas suas últimas décadas de vida e que sua defesa dos direitos humanos não durou mais do que a ditadura argentina.
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Comentários (5)
Helder Baptista
2022-11-21 22:59:46Como sempre, vamos mostrar que os personagens da esquerda nunca prestam, enquanto os da direita só defendem os interesses nacionais...
Ana
2022-11-21 19:20:54Que história!!!
Hierania Avelino
2022-11-21 14:35:45Venha de onde vier, a crueldade não faz bem para a humanidade. Só o bem constrói.
Ana
2022-11-21 11:25:57Obrigada por contar com clareza sobre essa história.
Eduardo
2022-11-21 11:07:28Os pseudo-esquerdistas da mídia brasileira-aumentado em número pelo retorno do tal "mito" (e bota fisiologismo nisto!) a Grobo que o diga, devem estar chorando à cântaros (antigo, né?) pela perda de mais uma picareta política (desculpem-me a redundância). Carpideiras... Só os antagonistas para nos contar. Obrigado.