ONU: tortura de prisioneiros de guerra é sistemática na Rússia
Relatório das Nações Unidas lista casos de prisioneiros de guerra recorrendo a comer minhocas, sabão ou papel para saciar a fome
Pelo menos 177 prisioneiros ucranianos morreram em cativeiro russo desde a invasão em larga escala do país pelo Kremlin, de acordo com novos números do Ministério da Defesa da Ucrânia. Milhares de outros correm grande risco.
“Quanto mais tempo eles passam em prisões russas, mais perto eles estão da morte”, disse Viktoriia Tsymbaliuk, representante da Sede de Coordenação para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra, uma filial do Ministério da Defesa da Ucrânia.
Tsymbaliuk disse que, devido à falta de supervisão internacional, o número real de mortes sob custódia russa provavelmente era muito maior. "Esse é o número que temos", disse, completando: "Mas é claro que nem todos os corpos são devolvidos e muitos nem mesmo são confirmados pela Rússia como estando em cativeiro".
Autoridades encorajam a tortura de presos
Os maus-tratos da Rússia a prisioneiros têm sido amplamente relatados há anos. Uma repressão à sociedade civil e aos monitores independentes facilitou a normalização da violência e deu aos agentes penitenciários um sentimento de impunidade.
De acordo com um relatório publicado na quinta-feira, 4 de outubro, pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a tortura de militares capturados era "generalizada e sistemática" e ocorria com a bênção da liderança da Rússia.
“Algumas figuras públicas na Federação Russa encorajaram explicitamente o tratamento desumano, e até mesmo a matança, de prisioneiros de guerra ucranianos”, diz o relatório.
O documento destaca que foram registradas 11 mortes ucranianas, além de um número não especificado de tentativas de suicídio e “um caso documentado de suicídio supostamente devido a repetidos atos de tortura” desde março de 2023.
Fome, asfixia, agulhas sob as unhas, etc...
A ONU lista casos de prisioneiros de guerra recorrendo a comer minhocas, sabão ou papel para saciar sua fome (na foto, um prisioneiro ucraniano antes e depois da prisão).
As práticas de abuso relatadas incluem prisioneiros tendo agulhas inseridas sob suas unhas, asfixia e a ameaça de ataques de animais, bem como o canto forçado de canções patrióticas russas e o testemunho de outros sendo torturados.
As Convenções de Genebra, as regras que codificam o tratamento de prisioneiros de guerra, declaram que os países em guerra devem permitir que monitores independentes tenham acesso ilimitado aos cativos e permitir que enviem ou recebam cartas. A Rússia tem um histórico irregular quando se trata de ambos, disse a ONU.
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