ONU demite assessora que se recusou a acusar Israel de genocídio
De acordo com guia publicado por Nderitu, para haver genocídio é preciso existir a intenção de eliminar um grupo humano
A assessora especial da ONU para a Prevenção do Genocídio, Alice Wairimu Nderitu (foto), não terá o seu contrato renovado esta semana com a organização por se recusar a dizer que as ações de Israel na Faixa de Gaza equivalem a "genocídio".
Nderitu, que é queniana, ocupa essa posição desde 2020. Sua especialidade é estudar crimes contra a humanidade.
Seu mandato expira em breve e poderia ser renovado pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, como é de praxe.
Mas Guterres foi declarado persona non grata em Israel e tem sido pressionado pelo austríaco Volker Turk, o alto comissário de Direitos Humanos.
Turk já deu várias declarações condenando Israel e falando em "crimes atrozes, crimes conra a humanidade".
Sendo assim, a ONU anunciou que Nderitu não ficará no posto por mais quatro anos.
Guia básico
Em 2022, o escritório de Nderitu na ONU publicou um texto com o título "Quando se referir a uma situação como genocídio".
O documento explicava a origem do termo e suas especificidades.
"O termo genocídio foi cunhado pela primeira vez pelo advogado polonês Raphael Lemkin em 1944 em seu livro O Domínio do Eixo na Europa Ocupada, combinando os termos 'geno', da palavra grega para raça ou tribo, com 'cídio', derivada da palavra latina para matar. Lemkin desenvolveu o conceito de genocídio em parte em resposta ao Holocausto, mas também em resposta a casos anteriores nos quais ele considerou que nações inteiras e grupos étnicos e religiosos haviam sido destruídos, como 'a destruição de Cartago; a de grupos religiosos nas guerras do Islã e das Cruzadas; os massacres dos albigenses e dos valdenses; e, mais recentemente, o massacre dos armênios”, afirma o guia publicado por Nderitu.
Intenção
O guia deixa claro que, para haver um genocídio, é preciso haver a intenção de eliminar um grupo humano.
"A definição legal de genocídio é precisa e inclui um elemento que muitas vezes é difícil de provar, o elemento de 'intenção'", diz o documento da ONU, publicado por Nderitu.
Como se sabe, o governo israelense não busca eliminar os palestinos, e sim destruir um grupo terrorista, o Hamas.
Segundo o documento, a definição de genocídio foi aplicada a poucos casos até agora, como os assassinatos de tutsis, em 1994, em Ruanda, e o massacre em 1995 em Srebrenica, na Bósnia e Herzegovina.
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