Onde está o Mourão?
Ex-vice-presidente não esteve presente na recepção ao ex-presidente na sede do PL em Brasília nesta quinta-feira (30); relação se desgastou ao longo do mandato e piorou após pronunciamento de final de ano
O senador Hamilton Mourão (Republicanos; foto) foi ausência sentida na recepção a Jair Bolsonaro (PL), que retornou ao Brasil nesta quinta-feira (30), após passar mais de três meses no estado americano da Flórida.
O ex-vice-presidente não esteve presente no Aeroporto Internacional de Brasília, onde Bolsonaro desembarcou às 6h40, e nem no evento na sede do PL, que ocorreu ao longo da manhã.
Questionada sobre a ausência, a assessoria do senador afirmou que ele estava em sessão na Comissão de Agricultura do Senado. De fato, Mourão esteve presente na sessão, como registrado em suas redes sociais e no site do Senado. A sessão estava marcada para começar às 8h e durou três horas, ao longo da manhã.
Cabe ressaltar, porém, que o senador Jorge Seif (PL), ex-secretário nacional da Pesca de Bolsonaro, esteve nessa sessão e, mesmo assim, participou da recepção ao ex-presidente na sede do PL.
Seif não poderia se ausentar tão facilmente visto que é filiado ao partido do ex-presidente — mas o evento contou com bolsonaristas de outros partidos, vide as ex-ministras e hoje senadoras Tereza Cristina (PP) e Damares Alves (Republicanos).
Mourão não participará mais, pelo menos presencialmente, de qualquer agenda com Bolsonaro nesta quinta. Por volta das 17h30, ele estava embarcando em um voo para o Rio de Janeiro.
"Na primeira oportunidade, nós vamos conversar", disse o senador à Folha sobre seu reencontro com o ex-presidente.
A relação entre Mourão e Bolsonaro se desgastou desde antes da vitória na eleição de 2018. Pouco depois da facada, em setembro daquele ano, Mourão criticou a exposição do então presidenciável no hospital, o que chamou de "vitimização", e sugeriu à campanha que ele substituísse Bolsonaro nos debates.
Os quatro anos de mandato também desgastaram a relação por diversos motivos, de medida do Conselho Nacional da Amazônia Legal, então presidido por Mourão, em 2020 à recomposição ministerial no ano seguinte.
Mourão descreveu sua relação com o presidente como “protocolar” em entrevista ao Metrópoles em março de 2022. Três meses depois, Bolsonaro anunciou seu ex-ministro Walter Braga Netto como colega de chapa na tentativa de reeleição.
A ida de Bolsonaro aos EUA, da qual retornou nesta quinta, também gerou incidentes. Primeiro, Mourão não foi comunicado da viagem — Bolsonaro saiu do país em 30 de dezembro. No dia seguinte, o então presidente em exercício não poupou críticas no pronunciamento de fim de ano, transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão.
Comentando os atos antidemocráticos pós-eleições, dentre eles os bloqueios em rodovias e o vandalismo de 12 de dezembro em Brasília, Mourão acusou “lideranças” de se manterem em “silêncio” e, assim, contribuírem para um “clima de caos”.
Uma dessas "lideranças" voltou ao Brasil nesta quinta.
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Comentários (2)
Eduardo
2023-03-31 06:05:11Todos não valem um pequi ruído.
Odete6
2023-03-30 20:58:21É incomparável a diferença entre os dois: o General HAMILTON MOURÃO não pertence à subespécie, é mentalmente sadio, decente e lúcido.