O vexame da Anistia Internacional na guerra da Ucrânia
A Anistia Internacional é uma das maiores ONGs em defesa dos direitos humanos, com presença em 150 países. Contudo, sua reputação foi seriamente abalada após a divulgação do relatório "Táticas de combate ucranianas colocam civis em perigo", de 4 de agosto. No dia seguinte, a diretora da Anistia na Ucrânia, Oksana Pokalchuk, pediu demissão. Ela...

A Anistia Internacional é uma das maiores ONGs em defesa dos direitos humanos, com presença em 150 países. Contudo, sua reputação foi seriamente abalada após a divulgação do relatório "Táticas de combate ucranianas colocam civis em perigo", de 4 de agosto.
No dia seguinte, a diretora da Anistia na Ucrânia, Oksana Pokalchuk, pediu demissão. Ela acusou a organização de ter elaborado um material que se tornou ferramenta da propaganda russa. Nesta terça, 9, Per Wastberg, um dos fundadores da Anistia na Suíça, abandonou seu posto: "Tenho sido membro há quase sessenta anos. Com o coração pesado, estou terminando minha longa e frutífera cooperação por causa das declarações da Anistia sobre a guerra na Ucrânia".
O relatório de nove páginas impressas gasta as primeiras sete dizendo que as Forças Armadas da Ucrânia, ao defender o país, têm se posicionado muito perto dos civis, o que os coloca em perigo quando ocorrem ataques russos.
Mas, nos casos narrados, é fácil constatar que o objetivo real é culpar a Ucrânia pelos ataques russos contra civis ucranianos.
Eis um exemplo retirado do relatório: "No início de julho, um trabalhador de uma fazenda foi ferido quando forças russas atacaram um depósito agrícola na área de Mykolaiv. Horas depois do ataque, pesquisadores da Anistia Internacional testemunharam a presença de militares e veículos ucranianos na área do armazém, e confirmaram que os militares estavam usando a construção, localizada do outro lado da estrada de uma fazenda em que civis estão vivendo e trabalhando".
Outro exemplo: "Em uma cidade de Donbas, em 6 de maio, forças russas usaram bombas de fragmentação de forma indiscriminada em um bairro de casas térreas ou de dois andares em que as forças ucranianas tinham equipamentos de artilharia. Estilhaços danificaram as paredes da casa em que Ana, de 70 anos, vive com seu filho e sua mãe de 95 anos".
Nos parágrafos derradeiros, o relatório busca parecer neutro ao dizer que "a prática dos militares ucranianos de posicionar objetivos militares em áreas populosas de modo algum justifica os ataque indiscriminados russos".
Mas uma frase como essa, ao final, está longe de compensar os absurdos cometidos nos outros parágrafos, muito menos as graves omissões do relatório.
A Anistia, por exemplo, não cita os inúmeros ataques contra estruturas civis, mesmo em locais distantes de qualquer presença de forças militares ucranianas. Entre os casos mais terríveis está o bombardeio do Teatro de Mariupol (foto), que abrigava entre 500 e 1.200 mulheres e crianças. Cerca de 600 morreram.
Também não considera os esforços ucranianos para retirar os civis das áreas de conflito, os quais têm sido frequentemente frustrados por ações militares russas.
Mas a pior consequência do relatório é seu uso pela propaganda russa, como afirmou a ex-diretora Oksana. Com esse documento em mãos, os enviados do presidente Vladimir Putin poderão seguir explodindo edifícios civis e botando a culpa nos militares ucranianos.
De fato, um dia após a divulgação do relatório, a Embaixada Russa em Londres compartilhou o texto com a hashtag #StopNaziUkraine: "A Anistia confirma que as táticas da Ucrânia violam o direito internacional e humanitário e coloca civis em risco. As Forças Armadas colocam bases em áreas residenciais, incluindo escolas e hospitais, lançam ataques de áreas civis populosas — exatamente como a Rússia vem dizendo desde sempre".
A Anistia, com ou sem intenção, acabou ajudando a justificar as atrocidades do Kremlin. Uma vergonha, em um péssimo momento.
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Comentários (10)
Luiz Artur Pereira Da Costa
2022-08-11 18:09:01Não me surpreende, essa organização tem-se mostrado tendenciosa há muito tempo, uns irresponsáveis.
Vasconcellos
2022-08-11 17:21:00Como a OTAN tomou o partido da Ucrânia, vemos aqui e ali a esquerda culpando a aquele país pela guerra. Assim como pelas barbaridades que lá têm acontecido. É que, para a esquerda, com seus dogmas religiosos, os EUA serão sempre o eterno vilão a ser combatido, pois é "o representante do mal absoluto no mundo". Coisa de mentes muito antiquadas. E deformadas.
Mário
2022-08-11 15:38:02Agora que relatou a verdade , a Anistia está errada ? Mais na cara que barba essa estratégia utilizada pelo midiático ator Volodymyr .
Silvana
2022-08-11 14:14:10Mais membros da Anistia deveriam se retirar da instituição. O documento certamente agradou a Putin. Só não sabemos a contra partida.
JOSÉ ROBERTO PERES
2022-08-11 13:39:57Isso é uma vergonha!!!!!!!!!!!!! Agora os culpados da russia querer exterminar a Ucrânia é a Ucrânia!!!? Essas pessoas não têm vergonha na cara!
Anna Maria De Mattos Barretto
2022-08-11 13:12:49Surpresa??????? A anistia internacional sempre foi de esquerda, apenas disfarçava.
ROGERIO
2022-08-11 12:24:33Os russos têm agentes infiltrados na Anistia Internacional. A questão é descobrir quem são eles e como estão influenciando funcionários ingênuos ou intelectualmente incapazes de perceberem a influência maliciosa desses agentes.
Amaury Feitosa
2022-08-11 11:06:43Como outras a AI é uma instituição que perdeu toda sua credibilidade por ser dominada por comunistas.
Nadiejda Caldas
2022-08-11 11:02:57Lamentável!
JOEL
2022-08-11 09:16:36Sob qualquer argumento a Rússia é a invasora, o resto é conversa de esquerdista comunista. Simples assim.