O que o BC não disse sobre as reuniões com Moraes
Banco Central emitiu nota com 26 palavras. Agora, precisa dizer quando telefonemas e reuniões aconteceram
O Banco Central (BC) emitiu na manhã desta terça, 23, uma nota breve reagindo à reportagem do jornal O Globo, segundo a qual o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes conversou pessoalmente e por telefone com o presidente do BC, Gabriel Galípolo.
O texto contém apenas 26 palavras, distribuídas em duas linhas, o que mostra um cuidado extremo em não escorregar e entregar informações que não são necessárias.
"O Banco Central confirma que manteve reuniões com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky", diz o texto.
A nota, assim, importa mais pelo que ela não diz, do que pelo que ela diz.
A primeira conclusão que se pode fazer a partir da nota do Banco Central é que a instituição se sentiu na obrigação de emitir uma nota.
Talvez, essa decisão tenha sido tomada porque seria impossível para o órgão, que tem rigídos controles internos, esconder tal informação.
Além do mais, o BC está sob escrutínio constante do mercado, e precisa dar explicações sobre qualquer possibilidade de conflito de interesses.
A nota do BC também não diz se outros assuntos foram abordados nas reuniões entre Moraes e Galípolo, como a compra do banco Master pelo BRB.
A dúvida, portanto, continua pairando no ar.
Por fim, se o Banco Central admite que as reuniões ocorreram, cabe agora dizer em quais datas elas aconteceram.
E, se Alexandre de Moraes fez ligações telefônicas para Galípolo, isso também precisa ser esclarecido.
Na reportagem de O Globo, a jornalista Malu Gaspar afirma que "Moraes fez pelo menos três ligações para saber do andamento da operação de venda para o BRB e, em julho deste ano, pediu que o presidente do BC fosse ao seu encontro".
Se Moraes fez telefonemas para Galípolo antes de 30 de julho, quando a Lei Magnitsky, entrou em ação contra o ministro do STF, então fica mais difícil sustentar que o assunto foi a Magnitsky, e não a compra do BRB pelo Master.
O Banco Central tem uma Comissão de Ética, com a capacidade de abrir processos administrativos para investigar se um diretor ou o presidente violou normas de integridade, como conflito de interesses ou falta de transparência em agendas.
O problema é que, como o caso do Banco Master foi colocado sob sigilo e está sob a relatoria de Dias Toffoli, tudo aquilo que tiver relação com Alexandre de Moraes e o Banco Master permanecerá escondido da população brasileira.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)