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    O perigoso cerco sobre Taiwan  

    Estamos testemunhando o ensaio final de uma operação de estrangulamento sistêmico, desenhada para testar a resiliência das democracias ocidentais

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    Márcio Coimbra
    7 minutos de leitura 30.12.2025 15:21 comentários 0
    Foto: Xia Yukang/China Militar Online
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    À medida que transitamos para 2026, o tabuleiro geopolítico global enfrenta sua conjuntura mais crítica desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A deflagração da “Missão Justiça 2025” por Pequim não representa apenas mais um capítulo na longa história de tensões no Estreito de Taiwan, ela sinaliza uma mudança de paradigma na postura estratégica da República Popular da China.

    Como analista de risco internacional habituado a monitorar as vulnerabilidades das grandes corporações e das cadeias de suprimento globais, atesto que se tornou imperativo reconhecer que não estamos diante de um simples exercício militar de rotina.

    Estamos testemunhando o ensaio final de uma operação de estrangulamento sistêmico, desenhada para testar a resiliência das democracias ocidentais e a viabilidade da ordem internacional. 

    A "Missão Justiça 2025" distingue-se de manobras anteriores, como as de 2022 ou 2024, pela sua natureza tridimensional e pela sofisticação do cerco simulado. Desta vez, o Exército de Libertação Popular (ELP) não se limitou a disparos de mísseis ou incursões na zona de identificação de defesa aérea. A operação focou na interdição total dos portos de Keelung e Kaohsiung, o bloqueio das rotas submarinas de cabos de fibra ótica e a neutralização eletrônica das comunicações da ilha.

    Ao "borrar" deliberadamente a fronteira entre o treinamento e a mobilização real, a China busca reduzir o tempo de aviso estratégico das potências aliadas, criando um ambiente de ambiguidade que eleva o risco de erro de cálculo a níveis alarmantes. Cada incursão que tangencia as águas territoriais de Taiwan é uma tentativa de normalizar a presença militar chinesa, desgastando a prontidão das forças de defesa taiwanesas e preparando o terreno para um fato consumado. 

    Este cenário torna-se ainda mais sombrio quando analisamos o alinhamento explícito entre Pequim e Moscou. O apoio da Rússia à "Missão Justiça 2025" não é meramente diplomático, é uma peça fundamental de uma estratégia de revisão global. Para o Kremlin, a instabilidade no Indo-Pacífico é um multiplicador de forças que drena a atenção e os recursos do Ocidente, aliviando a pressão sobre as suas próprias frentes na Europa Oriental.

    Ao endossar a retórica de Pequim sobre a "integridade territorial", a Rússia consolida o eixo autocrático, enviando uma mensagem clara: as grandes potências iliberais estão coordenadas para desafiar a hegemonia democrática em múltiplas frentes simultâneas. Este pacto de conveniência busca substituir o direito internacional pela lei das esferas de influência, onde o destino de nações livres é decidido pela força bruta das potências nucleares vizinhas. 

    A implicação imediata desta tensão é o risco real de que esses desdobramentos culminem em uma guerra aberta. A análise de risco sugere que a China pode interpretar a hesitação ocidental ou o foco em crises internas como uma janela de oportunidade histórica. Contudo, as consequências de tal conflito seriam devastadoras, transcendendo qualquer disputa territorial. Taiwan é o epicentro do que definimos como o "Escudo de Silício" da economia global.

    A ilha é responsável pela produção de mais de 90% dos semicondutores de última geração, componentes que são o sistema nervoso da civilização moderna. De smartphones a sistemas hospitalares, de veículos elétricos a armamentos de precisão e infraestruturas de inteligência artificial, tudo depende da estabilidade operacional das fábricas em Hsinchu e Tainan. 

    Uma guerra na península não provocaria apenas uma recessão, desencadearia uma espécie de infarto na economia mundial. Estimativas conservadoras projetam perdas imediatas de mais de US$ 10 trilhões no PIB global, o equivalente a quase 10% da economia do planeta evaporando no primeiro ano de conflito.

    Para um país como o Brasil, as consequências seriam devastadoras. A interrupção das rotas comerciais no Mar da China Meridional, por onde transita a maior parte das nossas exportações de minério de ferro e soja para a Ásia, paralisaria o agronegócio e a mineração nacional. O controle chinês sobre o Estreito de Taiwan transformaria uma artéria vital do comércio mundial em um "lago privado" de uma autocracia, permitindo a Pequim exercer um pedágio geopolítico sobre qualquer nação que dependa dessas águas. A segurança econômica brasileira está, portanto, intrinsecamente ligada à autonomia de Taipei. 

    Para além das métricas econômicas, a defesa de Taiwan é um imperativo moral para o mundo livre. A ilha é o exemplo mais vibrante de que a democracia e os valores orientais não são apenas compatíveis, mas mutuamente enriquecedores. Taiwan transformou-se de uma ditadura militar em uma democracia liberal exemplar, com liberdades de imprensa, expressão e culto que contrastam drasticamente com o modelo de vigilância absoluta imposto pelo Partido Comunista Chinês.

    O destino de Hong Kong serve como um alerta sombrio e irrefutável: a promessa de "um país, dois sistemas" foi enterrada sob o peso da repressão e da erosão sistemática das liberdades individuais. Permitir que o mesmo ocorra em Taiwan seria aceitar que o modelo ditatorial tem o direito de subjugar sociedades livres por meio da coação. 

    Neste tabuleiro, Taiwan não está isolada. Ela forma, junto com Japão e Coreia do Sul, a espinha dorsal da segurança democrática na Ásia. Estes três países são os pilares que seguram o avanço do eixo autocrático e garantem que o Oceano Pacífico permaneça, de fato, pacífico e aberto. Se a peça representada por Taiwan for removida ou subjugada, a integridade estratégica de Tóquio e Seul será fatalmente comprometida, forçando um realinhamento que poderia levar à proliferação nuclear regional e ao fim da ordem liberal no Oriente.

    A defesa de Taiwan é, portanto, a defesa da estabilidade internacional e também da democracia. É a garantia de que as fronteiras não podem ser redesenhadas pelo arbítrio de ditadores e de que o comércio global não ficará refém de chantagens ideológicas. 

    A situação no Estreito de Taiwan é, sem dúvida, a mais delicada e perigosa da geopolítica contemporânea. As nações democráticas devem abandonar a complacência e adotar uma postura de dissuasão clara e assertiva. A diplomacia deve ser elegante em sua forma, mas inabalável em seu conteúdo: a liberdade de Taiwan é inegociável.

    Proteger a ilha não é apenas um ato de solidariedade política, é um ato de preservação da nossa própria infraestrutura econômica, da segurança nacional e dos valores que definem a civilização moderna. A "Missão Justiça 2025" deve ser o despertar que faltava para o mundo entender que a paz não é a ausência de conflito, mas a presença da justiça e do respeito à autodeterminação dos povos livres. 

     

    Márcio Coimbra é CEO da Casa Política e presidente-executivo do Instituto Monitor da Democracia

    X: @mcoimbra

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