O novo cálculo de Zelensky: guerra congelada e ingresso na Otan
O presidente da Ucrânia mudou sua posição após a eleição de Donald Trump e dos ataques russos contra instalações de energia
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (foto), mudou sua retórica em relação à guerra com a Rússia.
Em entrevistas dadas nos últimos dias, ele afirmou que aceitaria parar com as ações para reconquistar os territórios tomados pela Rússia, desde que fosse aceita sua entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan.
A mudança de postura provavelmente tem relação com a vitória do republicano Donald Trump na eleição de novembro, nos Estados Unidos.
Trump
Durante sua campanha, Trump prometeu acabar com a guerra e ameaçou cortar o apoio militar americano a Zelensky.
A Ucrânia tem perdido territórios para a Rússia em um ritmo rápido. Além disso, Putin conseguiu aprovar o maior orçamento militar anual, sinal de que a máquina de guerra continuará funcionando a todo vapor.
Zelensky pode ter entendido que é melhor alcançar um acordo para encerrar a guerra enquanto é tempo, uma vez que não há certeza sobre o futuro do apoio militar americano.
"Se nós congelarmos o conflito sem garantir uma posição forte para a Ucrânia (entrada na Otan), então Putin voltará em dois, três ou cinco anos. Ele voltará e nos destruirá totalmente. Ou tentará nos destruir", disse Zelensky no domingo, 1º de dezembro.
Governantes europeus aliados da Ucrânia afirmam que uma concessão de territórios não seria definitiva, uma vez que as áreas poderiam ser reivindicadas no futuro, por meio de negociações diplomáticas.
Não haveria, contudo, nenhuma garantia em relação a isso.
Sem luz e sem aquecimento
Zelensky também está mais propenso agora a aceitar a perda de territórios porque a população está menos disposta a arcar com suas consequências.
Os ataques russos ao sistema de eletricidade da Ucrânia, antes de o inverno do Hemisfério Norte chegar, fez com que uma fatia maior da população defendesse o fim da guerra, mesmo que com a perda de territórios.
Nas áreas não ocupadas pelos russos, 52% dos ucranianos defendem uma negociação para acabar com a guerra "o mais rápido possível".
Eles querem a volta da eletricidade para poderem se manter aquecidos no inverno.
Obstáculos
A proposta de Zelensky enfrenta dois problemas.
O primeiro é que dificilmente a Otan permitirá sua entrada rapidamente.
A aliança militar nunca aceitou o ingresso de um país com conflitos territoriais, em grande parte porque o artigo 5 do tratado estabelece que, se um membro for invadido, isso é considerado como um ataque a todos eles. A resposta, então, precisa ser coletiva.
O segundo problema é que o ditador Vladimir Putin tem ojeriza pela Otan e já tentou justificar a invasão da Ucrânia como uma reaçaõ à expansão da aliança militar para perto de suas fronteiras.
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Comentários (1)
WALTER FANAIA DIAS
2024-12-03 11:56:16Fazer o quê! Ante um ignorante, vale a lei do mais forte. Melhor entregar os anéis...