O livro que a esquerda woke tentou censurar
Depois de quase ser cancelado pela editora, o livro que pode ser um ponto de virada na batalha cultural travada entre wokes e anti-wokes é publicado pela Presses Universitaires de France

Raramente um livro foi tão difamado antes de sua publicação. Antes que alguém pudesse ler. Dizem que o mundo editorial prospera com a controvérsia, mas Paul Garapon, que dirige a PUF, o templo da publicação acadêmica, poderia ter prescindido da controvérsia desencadeada pelo anúncio da publicação de Face a l´obscurantisme Woke.
A polêmica chegou ao ponto de o editor, que iniciou o projeto, cogitar censurar a obra, sem dúvida assustado com a campanha midiática orquestrada por uma parcela do mundo jornalístico e intelectual de esquerda.
Aos olhos dos jornalistas do Le Monde e do Libération, o título do livro por si só foi suficiente para desqualificá-lo e abrir um processo contra seus autores por trumpismo e putinismo.
Do lado intelectual, foi o historiador Patrick Boucheron, professor do Collège de France e coautor da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris, quem disparou as primeiras flechas.
O livro de 450 páginas publicado pela Presses Universitaire de France (PUF) em 30 de abril foi organizado pela professora de literatura Emmanuelle Hénin, o professor de história Pierre Vermeren e o linguista Xavier-Laurent Salvador.
Cancelado pela editora após uma conspiração liderada por vários intelectuais e jornalistas que souberam de sua publicação, Face a l´obscurantisme woke finalmente estará nas livrarias, após uma incrível corrida de obstáculos que mostra até que ponto a crítica ao wokeness continua perigosa na terra de Voltaire.
A ideia deste livro nasceu em 2022 de um encontro entre a socióloga Nathalie Heinich e o editor Paul Garapon, que dirige a PUF.
A polêmica em torno do livro
Militantes de esquerda expressaram preocupação ao ver um livro considerado "reacionário" em seu catálogo, apoiado pelo milionário Pierre-Édouard Stérin, um benfeitor de direita.
Defensores da liberdade de expressão acusaram a PUF de ter "cancelado" a obra devido à influência do historiador Patrick Boucheron, professor do Collège de France, associado ao campo progressista.
Embora inicialmente programado para ser lançado no dia 9 de abril, sua publicação só saiu em 30 de abril. O editor Paul Garapon justificou esse atraso afirmando que era necessário avaliar o contexto internacional após as eleições nos Estados Unidos.
Contrariando as acusações de censura, a PUF esclareceu que o livro foi lançado em sua versão original.
A editora também incluiu uma nota explicativa no início da obra, destacando que a decisão pelo adiamento foi tomada para evitar mal-entendidos e restaurar a verdade dos fatos, assegurando que a publicação não recebeu qualquer tipo de financiamento externo.
Debate intelectual aberto
No prefácio do livro, os editores explicam que sua intenção é abordar as implicações do wokismo e discutir seus pontos críticos através de um debate intelectual aberto.
Apesar disso, algumas passagens do texto foram consideradas polêmicas e distantes da linguagem acadêmica tradicional da PUF, como as referências ao wokismo como "novo obscurantismo" e a utilização de termos como "charlatanismo".
O compêndio conta com 26 contribuições de diversos especialistas, incluindo professores universitários e filósofos, todos conhecidos por seu comprometimento com os valores do universalismo republicano e da liberdade de expressão.
A obra
A obra está dividida em três seções: "A subversão das instituições", "Ciência sem consciência" e "Fratura identitária".
Nela, os autores exploram as raízes e manifestações do wokismo, discutindo conceitos como racismo sistêmico e teoria do gênero.
A socióloga Nathalie Heinich examina a solidariedade social e o papel das redes sociais na difusão do wokismo. Em outro capítulo, Xavier-Laurent Salvador discorre sobre como a emancipação escolar pode ser manipulada por discursos ideológicos. Céline Masson analisa o fenômeno sob uma ótica crítica ao propor que o wokismo busca estabelecer verdades absolutas através de métodos coercitivos.
Os autores identificam paralelos entre as ideologias wokistas e tendências totalitárias presentes na sociedade contemporânea. A obra sugere que as ações desse movimento podem ameaçar a base das liberdades individuais defendidas pelo liberalismo.
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Comentários (2)
Rosa
2025-05-02 11:12:40Ô aí de cima, nada a ver com o texto. Leia mais....
GIL FERREIRA FERNANDEZ
2025-05-02 10:14:40Mas, como uma lula vai demitir um cara que age e pensa exatemente igual a ele. Quando usa terceiros para roubarem para si em nome deles. Depois, vêm alegar que não sabiam de nada e que não poderiam ser reponsabilizados pelas ações de seus cupinchas indicados para cargos de responsabilidade.