O Brasil e os brasileiros, entre China e EUA
Na reedição da Doutrina Monroe, eleitores de Jair Bolsonaro gostam dos americanos, enquanto lulistas preferem os chineses

Os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo, estão disputando o Brasil e outros países da América Latina.
Cada potência quer ser soberana em sua respectiva área de influência, em uma reedição da Doutrina Monroe, como escreveu o embaixador Rubens Barbosa no Estadão desta terça, 26.
Na Doutrina Monroe original, de 1823, os americanos afirmaram que todo o continente americano estaria sob sua área de influência, bloqueando qualquer tentativa europeia de expandir o colonialismo nessa região.
Era a "América para os americanos", nas palavras do presidente James Monroe.
Em contrapartida, os americanos prometeram não se intrometer na Europa e em suas colônias na África.
Para Rubens Barbosa, a briga atual não é mais entre Estados Unidos e Europa, mas entre Estados Unidos e China.
Monroístas
Na primeira edição da Doutrina Monroe, o Brasil deixou-se cair sob a esfera americana, com alguns brasileiros se declarando "monroístas".
O imperador D. Pedro II visitou encantado a Feira da Filadélfia nos Estados Unidos, em 1876, e os republicanos que o depuseram criaram uma Constituição inspirada na americana, implantando o federalismo e a Suprema Corte (atual STF).
Foram poucos os intelectuais que criticaram a influência dos Estados Unidos, sendo os monarquistas Eduardo Prado e Joaquim Nabuco os mais loquazes.
O problema desta nova Doutrina Monroe, em pleno século 21, é que o Brasil parece dividido entre as duas potências do momento.
Brics
O governo Lula é claramente a favor da China e do Brics, desdenhando o fato de o grupo ser composto majoritariamente por ditaduras.
O presidente e seu assessor Celso Amorim mostraram pouca disposição em negociar o tarifaço com Washington, usando a medida unilateral americana como uma desculpa para se aproximar ainda mais da China.
A população brasileira, por sua vez, está dividida em dois.
Pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta terça, 26, aponta que 62% dos brasileiros que votaram em Lula no segundo turno de 2022 têm uma opinião favorável da China. Por outro lado, 58% do que escolheram Jair Bolsonaro têm imagem desfavorável dos chineses.
Quando perguntados sobre os Estados Unidos, 69% dos eleitores de Lula têm visão desfavorável do país, enquanto 72% dos que votaram em Jair Bolsonaro têm imagem positiva dos EUA.
Com metade da população apoiando os Estados Unidos e a outra metade, a China, o Brasil virou um microcosmo do mundo moderno.
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