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A busca do ‘tesouro K’ e o assassinato do ex-secretário de Cristina Kirchner

06.07.20 11:25

O militante kirchnerista Fabián Gutiérrez (foto) foi secretário pessoal de Cristina Kirchner quando ela era primeira-dama da Argentina e, mais tarde, quando ela se tornou presidente. Gutiérrez desapareceu na quinta-feira, 2. Seu corpo foi encontrado na cidade de El Calafate, na Patagônia, no sábado. Ele morreu de asfixia após ter sido enforcado, golpeado no crânio e apunhalado no pescoço.

A mãe da vítima e seu advogado dizem que Gutiérrez foi morto por dinheiro. Os dois pediram para que a vice-presidente, Cristina Kirchner, não fosse envolvida no caso. Gutiérrez foi preso em 2017 por lavagem de dinheiro e se tornou delator. O ex-secretário contou para a Justiça que Néstor e Cristina Kirchner recebiam sacos, possivelmente com dinheiro, e os guardavam em um lugar secreto na casa deles na Patagônia.

Para o jornalista argentino Jorge Lanata, do programa dominical “Jornalismo para Todos”, Gutiérrez foi morto por um grupo que buscava o “tesouro K”, dos Kirchner. Lanata chamou atenção para o fato de que Gutiérrez, apesar de ter uma mansão avaliada em 1 milhão de dólares, alugava outra casa na cidade. “Dá a impressão que guardava alguma coisa”, disse Lanata.

No final de semana, alguns políticos da coalizão opositora Juntos pela Mudança divulgaram um comunicado pedindo que a sobrinha de Cristina Kirchner, Natalia Mercado, não fosse a promotora do caso. Eles também pediram que a investigação fosse conduzida por autoridades federais e não pelas da província, território dominado pelos Kirchner. “A Justiça da província já está tratando de instalar, sem prova alguma, uma hipótese sobre o motivo do assassinato”, diz o comunicado da oposição. “O juiz, a promotora e as forças policiais respondem ao poder político da província de Santa Cruz.”

O presidente Alberto Fernández deu entrevista para uma rádio neste domingo, 5, reclamando da atitude da oposição de vincular o assassinato a questões políticas. Para ele, insinuar que o governo esteja envolvido é uma atitude canalha e “tão miserável que é difícil de entender”.

Para o cientista político argentino Orlando D’Adamo, a hipótese de um crime por razões políticas ainda é fraca. “Seria prematuro fazer um julgamento definitivo”, diz D’Adamo. “Mas é verdade que o patrimônio de Gutiérrez cresceu muito, e é bem possível que os criminosos tenham se aproximado dele por essa razão.”

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