No Chile, acordos de livre comércio estarão em jogo na próxima eleição
O Chile terá eleições presidenciais no dia 21 de novembro. Os dois candidatos com mais chances de vencer têm visões bastante díspares sobre os acordos de livre comércio. Até hoje, o Chile já assinou 30 tratados de livre comércio com outros países e blocos de nações. Graças a eles, o comércio internacional do país —...
O Chile terá eleições presidenciais no dia 21 de novembro. Os dois candidatos com mais chances de vencer têm visões bastante díspares sobre os acordos de livre comércio.
Até hoje, o Chile já assinou 30 tratados de livre comércio com outros países e blocos de nações. Graças a eles, o comércio internacional do país — a soma de importações e exportações — foi multiplicado por sete. Ao todo, 95% das exportações vão para países e blocos com os quais o Chile tem acordos de livre comércio.
O candidato Sebastián Sichel, que venceu as primárias da coalizão de direita Chile Vamos e aparece com 24% das intenções de voto na pesquisa Cadem, promete manter tudo como está. "Nosso país tem na alta exposição ao comércio exterior e no investimento externo o motor do seu desenvolvimento", diz seu programa de governo.
Outro candidato, o deputado Gabriel Boric (foto), que venceu as primárias da coalizão de esquerda Aprovo Dignidade e tem 21% na mesma pesquisa, traz uma proposta heterogênea. Segundo seu programa de governo, a política comercial do Chile "deve ser enquadrada no quadro da política externa turquesa, feminista, antirracista e descentralizada. Esses princípios permearão acordos comerciais, promoção de exportações, atração de investimentos e todas as áreas relacionadas à política comercial".
Para quem ficou intrigado com o que seria uma política exterior "turquesa", o programa de governo explica: "É aquela em que se combinam as agendas da luta contra a crise climática e ecológica global (componente verde) e a proteção e administração do oceano (componente azul)".
Boric promete revisar os acordos comerciais "para permitir processos democráticos de participação cidadã, incluindo uma participação vinculativa dos governos locais e regionais, no âmbito de suas atribuições, e dos povos indígenas”.
Na interpretação do chileno Jorge Sahd, diretor do Centro de Estudos Internacionais da Universidade do Chile, a proposta de Boric remete a ideias dos anos 1960. "Seu programa é revisionista e de alto dirigismo estatal. Ele propõe um Banco de Desenvolvimento, que ficará responsável pela nova política industrial. Será mesmo que o melhor é pedir a um grupo de notáveis para decidir o que o Chile pode ou não fazer nessas questões?", escreveu Sahd em um artigo no Diario Financiero.
Outro detalhe curioso é que Boric quer avaliar o ingresso pleno do Chile no Mercosul. Desde 1996, o país tem apenas a condição de associado. "É um tema mais retórico do que efetivo, porque todos sabem que o Mercosul está em seu pior momento", diz Sahd.
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