Ministério diz que não poderia esperar cloroquina ter eficácia comprovada
O secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde, Élcio Franco, minimizou o alerta da Organização Mundial da Saúde sobre a falta de comprovação da eficácia do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus e os efeitos colaterais do medicamento. Ele argumentou que “estudos científicos demandam tempo” e sugeriu que o governo não...
O secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde, Élcio Franco, minimizou o alerta da Organização Mundial da Saúde sobre a falta de comprovação da eficácia do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus e os efeitos colaterais do medicamento. Ele argumentou que “estudos científicos demandam tempo” e sugeriu que o governo não poderia aguardar o fim dos ensaios clínicos para recomendar a substância.
“O vírus ainda é novo. Os seus efeitos e o comportamento ainda são conhecidos apenas em parte por toda a população mundial, toda a comunidade científica. Se nós esperarmos que sejam seguidos todos os passos para que tenhamos evidências para iniciar um tratamento terapêutico, já vai ter acabado a epidemia e milhares de pessoas morrerão”, disse em coletiva no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, 20, após o ministério publicar o protocolo que orienta a prescrição do remédio desde os primeiros sintomas da Covid-19.
A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, frisou que grandes empresas do sistema privado adotaram o mesmo método. “Não podemos deixar que o Brasil seja dividido entre pessoas com elevado poder aquisitivo, que conseguem obter essas medicações nos serviços privados, e brasileiros que serão novamente tratados como brasileiros de segunda categoria e não terão acesso à oportunidade de receber essa medicação e de ter essa prescrição efetuada no âmbito da rede de serviços do SUS”, disparou.
Mayra acrescentou que a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos faz um “monitoramento diário de toda a produção científica do mundo sobre novas drogas”. “Não estamos nos afastando da ciência, estamos nos aproximando da necessidade de garantir a vida em tempos de guerra”, emendou.
Mais cedo, o diretor-executivo do Programa de Emergências da Saúde da OMS, Michael Ryan, reconheceu que “todas as nações soberanas, particularmente aquelas com autoridades reguladoras, estão em posição de aconselhar seus cidadãos sobre o uso de qualquer droga”. Mas ressaltou que a agência recomenda as substâncias apenas em testes.
“A hidroxicloroquina e a cloroquina são produtos já licenciados e indicados para muitas doenças. Gostaria de salientar, no entanto, que até esta fase, a hidroxicloroquina e a cloroquina têm sido, como se constatou, ineficazes no tratamento do Covid-19 ou na profilaxia contra o surgimento da doença. Na verdade, é o oposto. Avisos são emitidos por muitas autoridades em relação aos efeitos potenciais do medicamento. Muitos países limitaram seu uso a ensaios clínicos ou sob a supervisão de clínicos no ambiente hospitalar específico para Covid-19 devido ao número de possíveis efeitos colaterais que ocorreram e podem ocorrer”, disse.
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