Mesmo derrotada, Marine Le Pen mostra força inédita da extrema-direita na França
A candidata de extrema-direita da França, Marine Le Pen (foto), foi derrotada neste domingo, 24, pelo presidente Emmanuel Macron. Segundo projeções, ele foi reeleito com uma vantagem de quinze pontos percentuais. Os números das pesquisas de boca de urna foram um alívio para muitos governantes europeus, que estão lutando para fortalecer a União Europeia e...
A candidata de extrema-direita da França, Marine Le Pen (foto), foi derrotada neste domingo, 24, pelo presidente Emmanuel Macron. Segundo projeções, ele foi reeleito com uma vantagem de quinze pontos percentuais.
Os números das pesquisas de boca de urna foram um alívio para muitos governantes europeus, que estão lutando para fortalecer a União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, para se contrapor ao presidente russo Vladimir Putin. Marine Le Pen é uma crítica do bloco econômico e da Otan, e já recebeu dinheiro de um banco russo ligado ao Kremlin.
Mas, ainda que tenha sofrido uma derrota, Marine tem o que comemorar. Nunca a extrema-direita conseguiu uma votação tão alta – acima de 40% – no país.
Assim que as urnas foram fechadas e as pesquisas, divulgadas, ela deu um discurso aos seus apoiadores na sede de seu partido, o Rassemblement National. Para uma plateia que gritava "Marine, Marine", ela disse que a luta não acabou e falou em um "resultado histórico".
Foi o melhor desempenho da família Le Pen desde que o pai dela, Jean-Marie Le Pen, perdeu para o republicano Jacques Chirac, em 2002. Na ocasião, a extrema-direita teve apenas 18% dos votos no segundo turno. Em 2017, Marine se saiu melhor e teve 34%. Com cerca de 42% no pleito de hoje, já se fala em uma "normalização" da extrema-direita na política francesa.
O fenômeno deve causar preocupação. Macron conseguiu seus dois mandatos contando, principalmente, com a rejeição a Marine Le Pen. O discurso nacionalista, contra a Europa e avesso aos imigrantes fizeram com que eleitores da esquerda e da direita optassem por ele, que se coloca no centro do espectro político.
"Macron ganhou o mandato com a a menor vantagem de todos os presidentes franceses modernos. Ele foi eleito à revelia e sob coerção, em uma escolha distorcida", disse o candidato de extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, neste domingo. Mélenchon sabe que muitos franceses, incluindo seus seguidores, optaram por Macron a contragosto, apenas para impedir Marine de chegar ao Palácio do Eliseu.
Com Marine Le Pen atraindo gradativamente mais eleitores, vencer o segundo turno com base na rejeição a ela pode não ser uma opção viável para quem quiser suceder Macron, daqui a cinco anos.
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Comentários (4)
Marilena Cavalheiro
2022-04-26 11:32:13Que Deus livre a França de Marine Le Pen
Eduardo
2022-04-25 13:48:43A moça é uma Lula da vida. Só faz isso. De repente dá certo. Azar do pais quando isso acontecer.
VINCENT
2022-04-24 20:22:54Macron foi muiiiiiito superior no debate. Marine não tem a menor condição de ser presidente. Depois da pandemia e a guerra só faltava a Madame Le Pen pour foutre le bordel.
Elaine
2022-04-24 17:18:16Há a considerar a grande abstenção ocorrida nesta eleição . A grande vocação libertária do povo francês dificilmente cederá à direita radical hoje encarnada por Marine Le Pen. Vive la France !!!