'Mendoza tem direito a comprar vacinas', diz líder do MendoExit, na Argentina
Um grupo de cerca de doze pessoas da província argentina de Mendoza fará uma reunião na sede do Partido Democrata local nesta terça, 8. Em um almoço regado a vinho, representantes de seis partidos discutirão o nome de uma frente única para disputar as eleições legislativas deste ano. "Nosso objetivo não é conquistar a independência...

Um grupo de cerca de doze pessoas da província argentina de Mendoza fará uma reunião na sede do Partido Democrata local nesta terça, 8. Em um almoço regado a vinho, representantes de seis partidos discutirão o nome de uma frente única para disputar as eleições legislativas deste ano. "Nosso objetivo não é conquistar a independência região, e sim fazer com que a autonomia seja respeitada", diz o criador do movimento MendoExit, Hugo Laricchia (foto).
Segundo ele, que tem 52 anos e trabalha com turismo nas vinícolas da região, a Constituição da Argentina estabelece que cada província tenha autoridade para cuidar da saúde e da educação, mas a norma não tem sido respeitada. "Nossa autonomia nessas duas áreas tem sido atropelada pelo governo do peronista Alberto Fernández, que herdou uma tradição caudilhista e centralizadora", diz Laricchia. Segue entrevista concedida a Crusoé por telefone, de um café na cidade.
Qual é o objetivo do MendoExit?
Esse nome nós criamos em 2015, quando se falava muito no Brexit. Mas nosso objetivo não é conquistar a independência região, e sim fazer com que a autonomia seja respeitada. Mendoza contribui com muitos impostos, mas só consegue de volta uma pequena parte. A diferença entre o que pagamos e ganhamos de volta beira 1,5 bilhão de dólares por ano. É um federalismo que só existe no papel, não na prática. Por isso, uma pesquisa de opinião feita em abril deste ano mostrou que 70% dos mendocinos estão indignados por achar que o governo federal tem castigado a província.
Por que essa autonomia não é respeitada?
Nos últimos 50 anos, o poder foi se concentrando nas mãos do presidente da República. Essa tendência piorou com o atual mandatário. Nossa Constituição estabelece que a saúde e a educação são áreas que devem ficar a cargo das províncias. Mas nossa autonomia nessas duas áreas tem sido atropelada pelo governo do peronista Alberto Fernández, que herdou uma tradição caudilhista e centralizadora. Na pandemia, ele determinou que nossas escolas não podem abrir. É assim no país todo. Mendoza comprou 50 respiradores no exterior mas, quando os equipamentos chegaram à alfândega, foram confiscados. Este é um governo muito autoritário. Como peronista, Fernández quer todo o poder para si. Ele também decretou que apenas o governo federal pode comprar e importar vacinas. Nós argentinos só temos acesso a doses da AstraZeneca, da Spunitk V e da Sinopharm. Mas Mendoza tem direito a comprar vacinas.
Se Mendoza tivesse mais autonomia, o que mudaria?
Seguramente, teríamos vacinas muito melhores como as da Pfizer, da Johnson & Johnson ou da Moderna. Comprá-las não seria um problema, porque nossa província sempre teve um histórico de boa pagadora. Tradicionalmente, Mendoza tem obtido empréstimos a taxas mais baixas que o resto da Argentina. O vinho também permite que tenhamos uma boa relação com o resto do mundo.
Por que os governos locais não desafiam o poder central?
As províncias são muito dependentes da Casa Rosada em questões tributárias. Cerca de 90% dos impostos cobrados vão primeiro para Buenos Aires e depois retornam para a província. Se um governador fica amigo do presidente, ele recebe verbas para obras públicas. Caso decida se rebelar, o governador fica sem dinheiro para pagar os salários dos funcionários públicos.
Quantas pessoas integram o MendoExit?
Nas nossas listas de difusão de notícias temos aproximadamente 2 mil pessoas. A maioria tem cerca de 50 anos ou mais. Temos filhos e netos e queremos transmitir a eles nossos valores. Mas estamos vendo eles todo dia no Google procurando informações para ir morar na Austrália, na Nova Zelândia ou na Itália. Nossos jovens sabem que o país está muito mal. Nós queremos ajudá-los a recuperar a esperança.
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Comentários (2)
Jaime
2021-06-08 12:28:12Mendonça...pq será q me lembrei do Rio Grande do Sul e do Paraná? Para evitar q esse povo nomeasse cidades com nomes estrangeiros, Getúlio Vargas, um BRASILEIRO gaúcho, criou Lei proibindo os Estados da Federação de colocar nomes em inglês, alemão, italiano e o cabrunco em cidades brasileiras. Morto Getúlio, começaram a cogitar tirar o SUL do "resto" do Brasil. Região rica, cheia de bazofias, população formada eminentemente por europeus. Eles dizem que "carregam o Brasil nas costas". All equal.
KEDMA
2021-06-08 09:26:33Um cenário que se repete aqui no Brasil: jovens procurando outros países para viver.