Meirelles receita ajuste fiscal contra 'tarifaço'
Ex-presidente do Banco Central diz que "seria importante dar sinais positivos em busca de investimentos" diante de "ataque externo"

Ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (foto) usou sua coluna no Estadão para dar um conselho ao governo Lula: o ajuste fiscal ajudaria a enfrentar o tarifaço de Donald Trump.
"Diante de um cenário desafiador, além de buscar novos parceiros comerciais, seria importante o país cuidar de melhorar questões internas que o capacitariam a fortalecer a economia. Para isso, seria importante tomar medidas na direção de um ajuste fiscal. Mas isso não está acontecendo", alertou Meirelles, que foi candidato à Presidência da República em 2018.
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O ministro da Fazenda do governo Michel Temer seguiu com as críticas:
"Na semana passada, o governo conseguiu aprovar no Congresso uma PEC que retira a despesa com precatórios do arcabouço fiscal. A partir de 2027, a cada ano, 10% do gasto total com precatórios entrará na meta de resultado primário prevista. Em dez anos o total estará incorporado. Já vimos isso no Brasil. Não será surpresa se, no ano que vem ou em 2027, o governo procurar outra saída do tipo."
"Falta de um compromisso mais firme"
Segundo Meirelles, a aprovação da PEC "é um atestado da falta de um compromisso mais firme com o controle dos gastos". Ele destacou também que "o fato de uma despesa não contar para o teto não significa que ela não exista e não tenha efeitos nas finanças".
O presidente do BC nos dois primeiros mandatos de Lula finalizou o texto cheios de avisos assim:
"Somadas a nossa questão fiscal, a dívida alta e os juros americanos, temos uma equação que não torna o Brasil mais atraente a investidores. Num momento que enfrenta um ataque externo, em que o país enfrentará tarifas para exportar para seu segundo maior parceiro comercial, seria importante dar sinais positivos em busca de investimentos. Ainda não estamos fazendo isso."
Copia e cola
O alerta feito por Meirelles vem sendo repetido pelo Banco Central desde agosto de 2023, quando o novo arcabouço fiscal do governo Lula já tinha envelhecido muito mal.
O presidente do BC mudou, mas Gabriel Galípolo, que foi indicado para o cargo por Lula, segue fazendo o mesmo alerta da época de Roberto Campos Neto contra o “esmorecimento no esforço de reformas estruturais”.
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