Lula, enfim, vai citar o nome de María Corina Machado?
Não citar o nome de alguém é uma maneira de desumanizar uma pessoa, de não ter de ouvir suas reclamações, de não precisar se compadecer de sua situação

É uma questão de tempo. Assim que o presidente Lula se encontrar com o primeiro jornalista com algum brio, ele será questionado sobre o que pensa sobre o prêmio Nobel da Paz ter sido dado para a opositora venezuelana María Corina Machado.
Lula nunca citou o nome da venezuelana.
A omissão é intencional. Ao não chamá-la pelo nome, Lula evita desagradar seu amigo, o ditador Nicolás Maduro.
Não citar o nome de alguém é uma maneira de desumanizar uma pessoa, de não ter de ouvir suas reclamações, de não precisar se compadecer de sua situação.
Em uma reunião do Mercosul em julho 2023, na cidade de Puerto Iguazú, Lula foi o único presidente a não citar María Corina Machado pelo nome.
O presidente argentino Alberto Fernández, o uruguaio Luis Lacalle Pou e o paraguaio Mario Abdo Benitez criticaram a inabilitação de María Corina por 15 anos, pelo Judiciário do ditador Nicolás Maduro.
Lula foi o único a destoar dos demais. Ele se referiu a María Corina apenas como "uma candidata na Venezuela".
E disse que não tinha conhecimento do assunto.
"Eu não conheço os pormenores do problema com uma candidata na Venezuela. Não conheço os pormenores. Pretendo conhecer. Eu estive com o papa Francisco agora e assumi o compromisso de falar com o Daniel Ortega para falar da disputa lá com setores da Igreja. Naquilo que a gente puder contribuir, quem tiver relação, quem puder dar um palpite, nós temos de conversar. O que não pode é a gente isolar e levar em conta que os defeitos estão apenas de um lado. Os defeitos são múltiplos. Então nós precisamos conversar com todo mundo", disse o presidente.
O petista não apenas foi o único em Puerto Iguazú a não citar María Corina Machado pelo nome, como ainda insinuou que a oposição ao ditador Nicolás Maduro tem defeitos. Quais defeitos? O petista não sabia dizer.
Chorando
Mais tarde, em março do ano passado, Lula fez uma comparação entre sua prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em 2018, que o impediu de concorrer à Presidência da República, e o impedimento da candidatura de María Corina.
Mais uma vez, Lula não citou María Corina, que ainda tentava ser candidata:
"Aqui neste país, eu fui impedido de concorrer às eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato que disputou as eleições [Fernando Haddad]. Na Venezuela estão marcadas as eleições para o dia 28 de julho", afirmou o presidente.
María Corina respondeu na rede X:
“Eu chorando, presidente Lula? O senhor diz porque sou mulher? O senhor não me conhece. Estou lutando para fazer valer o direito de milhões de venezuelanos que votaram por mim nas primárias e os milhões que têm direito de votar em umas eleições presidenciais livres nas quais derrotarei o Maduro. O senhor está validando os atropelos de um autocrata que viola a Constituição e o Acordo de Barbados, que o senhor diz apoiar”, afirmou a venezuelana.
Assista ao Papo Antagonista:
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)