Lula compara tarifaço ao Bug do Milênio: "Nada aconteceu"
Em entrevista ao New York Times, presidente lembra do pânico gerado pela mudança dos sistemas entre 1999 e 2000

O presidente Lula comparou a ameaça de tarifaço americano a produtos brasileiros na sexta, 1º de agosto, ao Bug do Milênio.
O petista conversou com o jornalista Jack Nicas, do New York Times, que perguntou ao presidente brasileiro o que poderia acontecer se as tarifas do presidente americano Donald Trump forem aplicadas na sexta.
"Você se lembra de quando estávamos prestes a passar de 1999 para 2000, e houve pânico mundial de que os sistemas de computador iriam travar? Nada aconteceu. Então, não estou dizendo que nada vai acontecer, mas estou dizendo que temos que esperar o Dia D para saber", afirmou Lula.
O jornalista depois perguntou qual seria a estratégia caso as tarifas entrem em vigor.
"Eu não vou chorar o leite derramado. Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo nosso, vamos procurar alguém que queira", afirmou Lula.
"Temos uma relação comercial extraordinária com a China. Se os Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para quem pagar mais."
Cuba
Lula também citou a ilha comunista de Cuba e fez uma menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro em uma fala confusa sobre soberania:
"Acho importante que o presidente Trump considere: se ele quer ter uma briga política, então vamos tratá-la como uma briga política. Se ele quer falar de comércio, vamos sentar e discutir comércio. Mas não se pode misturar tudo", disse Lula.
"Não posso simplesmente enviar uma carta a Trump dizendo: 'Escute, Trump, o Brasil não fará isso e aquilo se você não fizer isso e aquilo com Cuba'. Não posso fazer isso — por respeito aos Estados Unidos, à diplomacia e à soberania de cada nação", afirmou.
"Então, é sobre isso que espero que ele reflita. Sinceramente, não sei o que Trump ouviu sobre mim. Mas se ele me conhecesse, saberia que sou 20 vezes melhor que (Bolsonaro)", lê se no jornal (o parênteses dentro da aspas é do New York Times).
Sem conversa
O presidente Lula também admitiu que as conversas não estão progredindo.
"O que impede isso é que ninguém quer conversar. Pedi para entrar em contato. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um possa conversar com seu homólogo e entender qual seria a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível", disse Lula.
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