Lei anti-LGBT de Camarões não se aplica à filha do ditador?
No final da semana, o anúncio de que a filha do ditador camaronês Paul Biya estaria namorando uma influenciadora brasileira ganhou os sites de fofoca por aqui. Brenda Biya, de 26 anos, assumiu publicamente o relacionamento com Layyons Valença, uma modelo brasileira que mora na Suíça. E assumiu a ponta de um debate: como o...
No final da semana, o anúncio de que a filha do ditador camaronês Paul Biya estaria namorando uma influenciadora brasileira ganhou os sites de fofoca por aqui. Brenda Biya, de 26 anos, assumiu publicamente o relacionamento com Layyons Valença, uma modelo brasileira que mora na Suíça.
E assumiu a ponta de um debate: como o pai dela, de 91 anos e um dos ditadores mais longevos do mundo, tratará a filha em um país onde a homossexualidade ainda é um crime?
O Código Penal de Camarões tem, em seu artigo 347, uma punição específica relativos à crimes "contra a criança e a familia": para quem "tem relações sexuais com uma pessoa do mesmo sexo" : de seis meses a cinco anos de cadeia, além de multa que chega a 200 mil francos CAF (cerca de 1.800 reais). As duas aparentemente já estiveram juntas em Iaoundé, a capital camaronesa, em uma viagem de jatinho particular há cerca de um mês e meio.
Pelas fotos publicadas por Brenda, a recepção foi com bolo e flores. Para a imprensa europeia, no entanto, sua narrativa foi mais sombria.
"Eu posso perder muito", disse ela em entrevista ao jornal francês Le Parisien. "Espero que a minha história possa contribuir para uma mudança da lei". Ela ainda afirmou que "muitas pessoas se encontram na mesma situação e sofrem por conta do que são", e que sua atitude de falar "é uma oportunidade de enviar uma mensagem forte."
O pai da influenciadora que mora na Europa está no cargo desde 1982 — como ele era o primeiro-ministro camaronês desde 1975, isso significa que Paul Biya está há 49 anos no poder. Nesta semana, ele ultrapassou Fidel Castro como o mais longevo chefe de Estado não eleito na história.
Neste quase meio século de poder, o país continuou pobre e desigual, mas sem instabilidades internas. As potências europeias (e em especial a França, antiga colonizadora de Camarões) jamais colocou obstáculos à ditadura em Camarões — Emmanuel Macron, o presidente francês, chegou a se encontrar com Biya em 2019.
Em 2025, Biya participa de mais uma eleição, sem nenhum concorrente como de costume. Sobre mudanças na legislação LGBT, como pede sua filha, ele já indicou em 2013 que "mudanças de mentalidade" estavam a caminho no país. Até agora, nada.
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Comentários (1)
Marcia Elizabeth Brunetti
2024-07-12 10:29:58Esse é o mundo dos países ditatoriais. Quanta contradição dos extremistas de esquerda - lulistas -, em não enxergar isso. É ignorância ou cegueira?