Janja se abriga atrás de acusação de machismo
Alegação da primeira-dama para se defender após causar constrangimento na China é uma forma de piorar ainda mais o que já era ruim o bastante

Janja resolveu se abrigar atrás de uma acusação de machismo e misoginia após o constrangimento causado por sua intervenção em reunião com o presidente chinês, Xi Jinping. É uma forma de piorar ainda mais o que já era ruim o bastante.
“Vejo machismo e misoginia da parte de quem presenciou a reunião e repassou de maneira distorcida o que aconteceu", disse a primeira-dama à CNN Brasil, acrescentando: "E vejo a amplificação da misoginia por parte da imprensa, e me entristece que essa amplificação tenha o engajamento de mulheres”.
Como destacaram O Antagonista e Crusoé após a revelação do constrangimento causado por Janja, que teria questionado Xi sobre a atuação do TikTok no Brasil, o problema da intervenção da mulher de Lula numa reunião oficial é o fato de que ela não recebeu nenhum voto para estar ali.
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Incômodo justificado
O fato de a mulher de Lula buscar protagonismo no governo, a ponto de representar o Brasil em eventos internacionais, às custas do erário e sem qualquer obrigação de prestar contas, é motivo de incômodo mesmo dentro do próprio governo, como comprovou o vazamento de informações sobre a reunião.
Os ruídos causados por Janja são tantos que a Advocacia Geral da União (AGU) estabeleceu parâmetros para disciplinar o papel da primeira-dama e, por exemplo, informar sobre os gastos com suas viagens.
A atividade de Janja no governo passaria a ser definida como voluntária e ficaria estabelecido que a primeira-dama poderá representar Lula, com um “papel simbólico”, em eventos políticos, diplomáticos ou culturais.
Já é alguma coisa, mas está longe do ideal, que seria a primeira-dama limitar-se ao papel de mulher do presidente, porque o fato é que ela não recebeu nenhum voto para representar a população.
Advocacia para a primeira-dama?
A falta de meios formais para questionar os gastos e as atitudes da primeira-dama contrastam com o auxílio institucional que ela tem recebido da AGU.
A Meta e o TikTok atenderam, nesta sexta-feira, 16, a uma notificação da AGU e retiraram do ar publicações com conteúdos considerados falsos sobre Janja durante viagem da comitiva brasileira à Rússia.
Os conteúdos eram falsos, e de fato não deveriam estar circulando, mas não cabe à AGU defender a primeira-dama, nem enviar notificações extrajudiciais para empresas em nome dela ou cobrar prazos.
Tudo isso está errado, e apontar esses erros nada tem a ver com o fato de Janja ser mulher.
Ao apelar para a cartada identitária, a primeira-dama não apenas distancia o governo de resolver os problemas que ela mesma tem causado como barateia o discurso de defesa das mulheres.
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Comentários (2)
ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO
2025-05-16 22:37:24Esse comportamento, no fundo, é uma mistura de ignorância com soberba.
Luiz Morandi
2025-05-16 14:09:14por que paguei com cartão de credito a assinatura anual e não estou conseguindo ler ?