Irã cria "clínica do hijab" para tratar mulheres que rejeitam uso do véu
O regime iraniano atribui a resistência em usar o hijab a problemas psicológicos ou à influência ocidental. A clínica será instalada na capital, Teerã
Uma agência governamental iraniana planeja a inauguração de uma controversa "clínica do hijab". Essa iniciativa ocorre em meio a um crescente número de jovens mulheres no Irã que resistem às rigorosas normas religiosas de vestimenta, recusando-se a usar o véu islâmico, conhecido como hijab.
De acordo com informações do portal de notícias Iranwire, baseado em dados oficiais, o regime iraniano atribui a resistência em usar o hijab a problemas psicológicos ou à influência ocidental.
A clínica será instalada na capital, Teerã, e ficará sob a supervisão da "Central para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício", uma entidade responsável pela implementação das normas religiosas, subordinada ao líder supremo Ali Khamenei.
A mensagem implícita das autoridades é clara: o desafio das mulheres não é visto como uma escolha consciente, mas como um problema passível de tratamento médico.
Mehri Talebi Darestani, responsável pela seção de Mulheres e Famílias da Central, será a diretora da clínica.
Conforme relatado pelo Iranwire, Darestani afirmou que o centro oferecerá tratamentos científicos e psicológicos relacionados ao abandono do hijab, focando em valores como dignidade, modéstia e castidade. O público-alvo são adolescentes, jovens adultas e mulheres em busca de uma identidade social islâmica.
Embora já existissem iniciativas semelhantes conduzidas por voluntários, a clínica visa formalizar e expandir esses serviços em resposta a uma suposta "crescente demanda". O novo centro oferecerá consultas individuais, sessões em grupo e workshops, com participação voluntária.
Mulher, Vida, Liberdade
Desde a morte de Mahsa Amini, em setembro de 2022 — após ser detida pela polícia moral por uso inadequado do hijab — o Irã tem enfrentado protestos contínuos.
O assassinato de Mahsa Amini gerou o movimento de resistência entre as iranianas chamado "Mulher, Vida, Liberdade". As autoridades têm respondido com repressão severa, resultando em centenas de mortes e milhares de detenções.
Recentemente, uma estudante foi detida após protestar sem roupas no campus da Universidade Azad em Teerã. Mídias governamentais alegaram que ela sofria de problemas mentais, embora nenhuma evidência tenha sido apresentada para sustentar essa afirmação.
Esse não foi um caso isolado de tentativa governamental de deslegitimar a dissidência. Em 2022, várias personalidades iranianas receberam ordens judiciais para avaliar sua saúde mental após postarem fotos sem hijab em redes sociais em protesto contra a morte de Amini.
A inauguração da clínica provocou indignação entre ativistas do movimento "Mulher, Vida, Liberdade" e grupos de direitos humanos.
O governo se isenta de responsabilidade; segundo o "Spiegel", um porta-voz do presidente Masud Pezeshkian declarou que o projeto não é impulsionado pelo governo.
Apesar das promessas eleitorais de flexibilizar as regras de vestimenta e abolir a polícia moral, mais de cem dias após sua posse, Pezeshkian não implementou mudanças nessa área e as mulheres ainda são oprimidas como é comum em países islâmicos.
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Comentários (1)
Amaury G Feitosa
2024-11-19 14:43:08Ainda nem que no Brasil ainda não obrigam os manés a usar os devidos chifres que algumas luluzinhas não cansam de presentear a uns ... em algumas tabas se chovesse argola não caia uma no chão.