Investigação da PF sobre Banco Master deve ter novas fases
Apreensão de celulares e computadores abrirá mais investigações, podendo chegar a políticos de Brasília
Após a prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e a liquidação do banco, investigações da Polícia Federal (foto) poderão levar a novas fases e incluir políticos de Brasília.
Para entender as possíveis repercussões, Crusoé conversou com o advogado penalista Rafael Junior Soares, especialista em direito econômico e professor da PUC do Paraná.
O Banco Central cochilou ao deixar que a crise do Banco Master chegasse a esse ponto?
É difícil dizer. O Banco Master sempre foi um banco ousado, com uma política agressiva que prometia altos rendimentos.
Mas foi só quando o Banco de Brasília, BRB, anunciou a proposta de compra que o Banco Central identificou algumas situações como suspeitas.
O Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] aprovou a aquisição, mas quem ligou o alerta e comunicou a Polícia Federal foi o Banco Central.
Hoje está claro que o Banco Master participou de uma falsificação grosseira com os títulos de crédito.
O que ainda precisa ser conhecido é o grau de comprometimento do Banco de Brasília nessa história.
É aí que a coisa pode chegar nos políticos, não?
Entendo que serão duas linhas de investigação.
A primeira que está que está aberta é sobre gestão temerária, ou seja, o banco assumia um risco desproporcional porque sabia que que existia um seguro, o Fundo Garantidor de Crédito.
Logo na sequência, o banco passou a a cometer fraudes na sua gestão para tentar um salvamento, para justificar um balanço irreal.
A segunda linha de investigação é mais política, porque o crescimento do Banco Master sempre esteve atrelado a uma política da boa vizinhança em Brasília, a partir do contato com pessoas proeminentes na República.
Será preciso apurar se houve algum tipo de favorecimento ou contribuição de políticos em coisas que permitiram esse crescimento exponencial do Master.
Daniel Vorcaro, o dono do Master, foi preso no aeroporto de Guarulhos. Ele poderá ser solto em breve?
O perigo de fuga é um dos principais fundamentos que justificam uma prisão no curso de uma investigação ou processo, segundo a legislação brasileira.
Se ficar configurado que ele realmente tentava uma fuga, isso seria um elemento muito forte para mantê-lo custodiado.
Mas se a defesa conseguir demonstrar que o propósito da viagem não era a fuga, a motivação poderá ser derrubada.
Essa investigação da Polícia Federal terá outras frases, como na Lava Jato?
Pela dimensão das coisas, pelo material que foi apreendido e pela quantidade de valores envolvidos, é bem provável que ocorram outras fases, como nas grandes operações da PF.
A PF conseguiu apreender celulares, computadores e documentos, então é bem provável que isso abra novas possibilidades de investigações, inclusive do mundo político.
Também acho que é muito provável uma CPI na Assembleia Legislativa do Distrito Federal para apurar as decisões tomadas pelo Banco de Brasília.
No DF faria todo sentido uma CPI para entender o que aconteceu, e ainda existe a possibilidade de isso ter repercussão na esfera federal, com a atuação de deputados federais.
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Comentários (1)
MARCOS
2025-11-19 12:55:53Será solto ainda hoje.