Intensificação militar russa na fronteira com Finlândia e Estônia preocupa
De acordo com agências de inteligência ocidentais, o Kremlin está se preparando para um confronto com a Otan. Quais as evidências disso?

Imagens de satélite indicam um aumento significativo da presença militar russa nas fronteiras com a Finlândia e a Estônia.
Desde abril de 2023, a fronteira leste da Finlândia também se tornou a fronteira externa da Otan, após o país se juntar à aliança de defesa. A adesão provocou uma reação contundente do ditador russo, Vladimir Putin, que passou a fazer ameaças.
Com o agravamento das tensões, especialistas questionam se o Kremlin está começando a cumprir suas ameaças.
Mapas recentes mostram os pontos militares que foram expandidos desde 2022, evidenciando a reestruturação das forças armadas russas.
Avaliações de serviços de inteligência ocidentais sugerem que a Rússia pode estar se preparando para um conflito mais amplo com a Otan.
Como parte desse processo, o Distrito Militar de Leningrado será reativado em 2024, e estima-se que até 50.000 novos soldados russos sejam deslocados para a fronteira finlandesa, aumentando os atuais 30.000.
Desde 2022 houve mudanças significativas na dinâmica militar russa nas proximidades da Finlândia. Uma análise mais detalhada de três bases militares russas no flanco oriental da Otan confirma essa tendência.
Severomorsk-1, -2 e -3
A cidade de Severomorsk, localizada ao norte da Rússia perto de Murmansk abriga a principal base da Frota do Norte da Rússia. Esta instalação é equipada com submarinos nucleares armados com mísseis intercontinentais e possui três bases aéreas: Severomorsk-1, -2 e -3.
A base Severomorsk-2, também conhecida como Safonovo, foi desativada em 1998 e deixada ao clima ártico por décadas. No entanto, em junho de 2022, após o início da invasão da Ucrânia, o Kremlin anunciou reformas no aeroporto.
Imagens de satélite mostram que as obras começaram logo depois do anúncio. Recentemente, seis helipontos foram liberados no norte do local e mais dois foram construídos nos últimos anos, evidenciando o uso ativo do aeroporto por helicópteros.
Severomorsk-3 continua em operação enquanto Severomorsk-1 permanece inativo. Reformas também estão previstas para esses locais.
No ano passado, foram erguidas barreiras defensivas em Severomorsk-3 para supostamente proteger contra ataques com drones ucranianos, embora tais incidentes nunca tenham sido relatados tão ao norte.
A base Kamenka
A base Kamenka, situada a apenas 60 quilômetros da fronteira finlandesa, abriga a unidade mais forte da região: a 138ª Brigada Motorizada de Fuzileiros.
Essa brigada tem estado ativa desde o início do conflito na Ucrânia e está sendo reestruturada para formar uma divisão com efetivo entre 10.000 e 25.000 soldados, ampliando significativamente seu número anterior estimado em 4.000 a 5.000 soldados.
Recentemente, um grande acampamento foi estabelecido em Kamenka, visível em imagens de satélite de alta resolução tiradas em maio de 2024, que revelam 65 tendas; atualmente esse número já aumentou para cerca de 140 tendas e instalações com capacidade para abrigar até 2.000 soldados.
Fronteira estoniana
Na base Luga, localizada a cerca de 120 quilômetros da fronteira estoniana, houve um aumento notável nas atividades militares nos últimos meses.
Ali estão estacionadas uma brigada de artilharia, uma brigada motorizada e uma brigada equipada com mísseis Iskander.
Imagens recentes mostram agora muitos veículos estacionados novamente na base, principalmente transportes. Além disso, os exercícios em Luga se intensificaram.
Essas movimentações suscitam preocupações no Ocidente. O jornal britânico "Daily Mail" traça paralelos com a invasão da Ucrânia pela Rússia, enquanto especialistas do "Wall Street Journal" preveem um possível conflito com a Otan.
Quais as possibilidades de um ataque russo?
As novas estruturas militares como tendas e helipontos não são irrelevantes; elas indicam algo. Provavelmente, a intenção é fortalecer permanentemente a presença militar no flanco oriental da Otan através do Distrito Militar de Leningrado.
As novas tropas requerem alojamento adequado, campos de treinamento e infraestrutura militar adicional—alguns dos quais já começaram a ser construídos.
Paralelamente, a Rússia acelera o reabastecimento de seus arsenais militares e munições. O comandante supremo da Otan Chris Cavoli afirmou recentemente ao Senado americano que Moscou planeja acumular estoques três vezes maiores que os Estados Unidos e Europa juntos.
A ameaça percebida está crescendo; uma porta-voz do governo da Estônia declarou: "A probabilidade de um ataque direto ainda é baixa; contudo, o aumento da presença militar russa e suas capacidades próximas à Estônia elevam o risco de erros de avaliação e escaladas indesejadas."
A reação finlandesa é mais tranquila em comparação. Em resposta às reportagens internacionais sobre as movimentações russas na fronteira, o ministro da Defesa Antti Häkkänen declarou ao jornal "Iltalehti" que eles têm total conhecimento do que ocorre no lado russo da fronteira:
"Comparado à Guerra Fria, essa situação não é nova; estamos bem preparados e podemos ficar calmos."
Políticas defensivas
Tanto Finlândia quanto Estônia têm ajustado suas políticas defensivas há anos em relação à ameaça russa.
Diferente de muitas nações ocidentais que diminuíram seus investimentos após a Guerra Fria, a Finlândia mantém um orçamento equivalente a 2,3% do seu PIB para defesa e possui uma das maiores reservas militares da Europa;
Por sua vez, a Estônia aumentou seu investimento para 5% do PIB e está colaborando com Letônia e Lituânia na construção de uma linha defensiva ao longo da fronteira russa.
Depois da guerra na Ucrânia?
À medida que o conflito na Ucrânia prossegue sem fim à vista, especialistas ressaltam que mudanças significativas poderão ocorrer na situação geopolítica no norte europeu assim que ele chegar ao seu desfecho.
Será crucial saber se os soldados russos serão liberados do serviço militar ou permanecerão nos postos estratégicos.
No pior cenário possível, dezenas de milhares de homens experientes estarão posicionados nas fronteiras entre Rússia e os países nórdicos prontos para um novo conflito.
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Comentários (1)
Denise Pereira da Silva
2025-05-28 21:37:50Os russos estão chegando. É melhor começarem a levar a fome imperial de Putin a sério.