Identitarismo sai pela culatra no governo Lula
Dar status privilegiado a alguns grupos, como faz o governo Lula, passa longe de resolver os problemas do país, como assédio moral e racismo

O presidente Lula assumiu o governo com um discurso de valorização das minorias.
No dia 1º de janeiro de 2023, o petista subiu a rampa do Palácio do Planalto com pessoas que representavam vários grupos: mulheres, negros, indígenas e a comunidade LGBT.
Ao montar o seu gabinete, Lula criou pastas para acomodar todas essas expectativas: Ministério das Mulheres, Ministério da Igualdade Racial, Ministério dos Direitos Humanos e Ministério dos Povos Indígenas.
Foi um fiasco atrás do outro.
O último aconteceu nesta segunda, 5, com a exoneração da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Ela foi demitida por Lula depois de várias reportagens na imprensa falando de práticas de assédio moral, racismo e xenofobia no "Ministério do Assédio", como a pasta foi informalmente apelidada.
Identitarismo
Outros casos ocorreram com Silvio Almeida, Anielle Franco e Nísia Trindade.
Os episódios trazem dois ensinamentos importantes.
O primeiro é que pessoas que se colocam como os porta-vozes do identitarismo e se valem da sinalização de virtude não são mais justas e éticas do que todas as outras, pois podem incorrer nos mesmos comportamentos condenáveis.
O segundo é que dar um status privilegiado a alguns grupos, como faz o governo Lula, passa longe de resolver os problemas reais do país, os quais incluem, sem dúvida, assédio moral, importunação sexual, racismo, misoginia e xenofobia.
Acusações
Uma publicação do site Alma Preta, de outubro de 2024, apontou denúncias de assédio moral e racismo. O caso foi investigado pela Controladoria-Geral da União, CGU.
Segundo o site, dezessete pessoas, entre funcionários e ex-servidores da pasta, confirmaram relatos de assédio moral.
"A denúncia de racismo se direciona à secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guarezi, quem assume a chefia do ministério na ausência de Cida Gonçalves. Durante uma reunião da pasta na Escola Nacional de Administração Pública (Enap) no dia 24 de abril, Guarezi disse à ex-secretária para se sentar porque o cabelo de Carmen Foro estaria atrapalhando a visão do espaço. Foro tem cabelo crespo. A declaração foi confirmada à Alma Preta por cinco pessoas que estavam na reunião. A ministra Cida Gonçalves não estava na reunião, mas foi informada dos fatos. Nenhuma ação foi tomada ou repreensão à Guarezi foi feita", afirma o site Alma Preta.
De acordo com o jornal Estadão, a CGU e a Comissão de Ética Pública receberam relatos de que Cida foi acusada de assédio moral e xenofobia.
Entre as práticas estariam "ameaças de demissão a servidoras, cobrança de trabalho em prazo exíguo, tratamento hostil, manifestações de preconceito e gritos", diz o jornal.
Silvio Almeida
O caso mais chocante do governo Lula ocorreu com o ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida.
Ele foi exonerado em setembro de 2024.
Antes, a ONG Me Too Brasil informou ter recebido denúncias de mulheres contra Almeida sobre casos de assédio sexual. Uma das vítimas, segundo o site Metrópoles, seria a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco.
Em outubro, Anielle confirmou que sofreu importunação sexual em entrevista para a revista Veja.
“É importante deixar claro que o que aconteceu comigo foi um crime de importunação sexual”, disse Anielle. "A gente está falando de um conjunto de atos inadequados e violentos, sem consentimento e reciprocidade, que, infelizmente, mulheres do mundo inteiro vivencial diariamente."
A professora Isabel Rodrigues gravou um vídeo afirmando que foi vítima de violênciai sexual do ministro Silvio Almeida.
"Fui amiga de Silvio de Almeida na ocasião em que ele fazia parte do Conselho Pedagógico da Escola de Governo. Fiz parte dessa Escola como aluna e professora. Dia 03 de agosto de 2019, foi o dia que, em um almoço, onde tinham mais pessoas, sofri violência sexual por parte do ministro. Sentei do lado dele e não sei por qual motivo ele se achou no direito de invadir as minhas partes íntimas sem o meu consentimento", escreveu Isabel no Instagram.
O ministro negou as acusações. Em um primeiro momento, disse que as denúncias não passavam de uma “campanha” para afetar a sua imagem “enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público”.
Anielle Franco
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, viajou em avião da Força Aérea Brasileira para assistir ao jogo da final no Morumbi da Copa do Brasil, entre Flamengo e são Paulo, em setembro de 2023.
Uma assessora sua, Marcelle Decothé da Silva, que estava no mesmo avião, foi exonerada após várias publicações preconceituosas nas redes sociais.
“Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade… Pior tudo de pauliste”, escreveu Marcelle. Também criticou a "diretoria fascista" do Flamengo.
Nísia Trindade
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi demitida em março deste ano para dar lugar a Alexandre Padilha.
Em seu discurso de despedida, ela afirmou ter sido alvo de uma "campanha misógina".
“Não posso esquecer que, durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade”, afirmou Nísia, sem citar nomes.
Lula
Para completar o quadro, o presidente Lula tem dado seguidas falas machistas.
"Tem pesquisa, [Fernando] Haddad, que mostra que depois de um jogo de futebol aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem, como eu. Mas eu não fico nervoso quando perde, eu lamento profundamente", disse Lula em julho do ano passado.
Em janeiro deste ano, ele disse que se considerava um "amante da democracia".
"Não sou nem marido, eu sou amante porque a maioria das vezes os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres, e eu sou um amante da democracia e conheço o valor dela", disse Lula.
Em março, disse que colocou "uma mulher bonita" na Secretaria de Relações Institucionais para "melhorar a relação" com o Congresso, referindo-se a Gleisi Hoffmann.
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Comentários (1)
Amaury G Feitosa
2025-05-05 17:41:54Lula ao nomear 40 sinistros gerou um monstro e esqueceu que numa democracia se governa para as maiorias e poderia cooptar as minorias por competência nunca por letra do alfabeto ... seu governo virou um saco de gatas lôkas .