Hong Kong condena jornalistas por incitar "sedição"
Cada vez mais submissa ao regime chinês, Justiça deve mandar para a cadeia dos dos mais respeitados jornalistas da ilha
A Justiça de Hong Kong, cada vez mais submissa à ditadura chinesa, está prestes a mandar para a cadeia dois dos mais respeitados jornalistas do país.
Nesta quinta-feira, 29, Chung Pui-Kuen e Patrick Lam foram considerados culpados de "conspiração", por publicar material pró-democracia no site Stand News, que editavam. A redação do site foi invadida pela polícia em dezembro de 2021 e logo depois fechou as portas.
Antiga colônia britânica, Hong Kong retornou ao controle da China em 1997. Desde então, o Partido Comunista Chinês vem procurando curvar as instituições e a imprensa da ilha ao seu mando.
Em meio a uma onda de protestos contra Pequim, uma lei de segurança nacional foi imposta a Hong Kong, em julho de 2020.
O processo contra Chung e Lam mirou reportagens e artigos publicados entre essa data e o fechamento do Stand News. Entre elas, havia entrevistas com políticos e ativistas de oposição – a maioria dos quais está presa ou vivendo no exterior.
Onze textos foram considerados "sediciosos". Uma lei aprovada em março deste ano aumentou a pena máxima do crime de sedição de dois anos para uma década de cadeia.
Na sentença, o juiz do caso escreveu que o propósito dos jornalistas do Stand News era "incitar o ódio contra o governo central e o de Hong Kong” e que é necessário equilibrar a liberdade de expressão com "a prevenção de danos que possam ser causados por publicações incendiárias".
A Associação de Jornalistas de Hong Kong, uma organização profissional com cerca de 500 jornalistas locais, afirmou em um comunicado estar "profundamente preocupada com o fato de a polícia ter repetidamente prendido membros seniores da mídia e revistado os escritórios de organizações de notícias". A própria associação tem sido assediada pelas autoridades.
Em maio, a ONG Repórteres Sem Fronteiras pôs Hong Kong na posição 135 do seu ranking de liberdade de imprensa, que contempla 180 países. A ilha ocupava o 73º lugar em 2019 e ao 18º, em 2002. A China está atualmente na posição 179.
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