Homs, o retrato da complexidade síria
Ahmed al-Sharaa tem o desafio de proteger as minorias apoiadoras de Assad e, ao mesmo tempo, promover justiça, diz a revista Economist
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A cidade de Homs, no centro da Síria, representa a complexidade do país.
Desde a guerra civil em 2011, a província tornou-se um importante símbolo de resistência ao regime de Bashar Assad, derrubado pelo Hay'at Tharir al-Sham (HTS).
Ao mesmo tempo, abriga um reduto significativo de funcionários públicos e uma academia militar de oficiais do exército sírio.
Todos apoiadores do antigo regime.
A própria família de Asma Assad, esposa do ditador, nasceu em Homs.
Complexidade
Uma reportagem da revista britânica The Economist nesta sexta-feira, 14, explora os desafios enfrentados pelo governo de Ahmed al-Sharaa, o antigo chefe do HTS al-Jolani, de conciliar a proteção de grupos minoritários e, ao mesmo tempo, atender ao desejo de justiça entre os perseguidos por Assad.
Membros da seita alauíta, uma minoria da qual o ex-ditador fazia parte, sentem-se vulneráveis. .
Em Homs, há relatos de perseguição de outros grupos contra os alauítas sob a alegação de "justiça".
"Os apoiadores do Sr. Sharaa estão esperando em vão por reparação após décadas de ditadura, mesmo que ele esteja falhando em proteger os membros da seita alauíta do Sr. Assad da violência retributiva", diz trecho da matéria.
Dezenas de pessoas, vistas como apoiadores do ditador Assad, foram sequestradas e mortas em áreas rurais da província.
Os grupos minoritários reclamam da falta de proteção de Sharaa.
Crise e criminalidade
As décadas da ditadura familiar de Assad jogaram a Síria para um buraco econômico.
Irã e Rússia emprestaram dinheiro por anos para o regime massacrar opositores e promover crimes contra a humanidade.
Para resolver os problemas, o novo governo sírio foi atrás de ajuda internacional.
Sharaa já reuniu-se com representantes europeus, entre os quais a Alemanha e França.
Também suplicou ao principal financiador da investida contra Assad, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, um plano para reconstrução financeira.
Até para o ditador saudita, Mohammed Bin Salman, Sharaa foi pedir socorro.
Apesar disso, ainda não houve investimentos externos no país.
A crise econômica reflete em um aumento da criminalidade nas províncias.
"Os novos líderes não têm mão de obra para policiar a cidade ou garantir que os tribunais funcionem", escreve a revista.
O mercado de trabalho está paralisado.
Os jovens do país falam em "revolução da fome".
O silêncio americano
Nos Estados Unidos, pouco se fala sobre a Síria.
No momento, o foco é a resolução da guerra entre Israel e os terroristas do Hamas.
As sanções impostas a Assad seguem vigentes no país.
Além disso, o HTS segue considerado uma organização terrorista pelas instituições americanas.
Hoje, Jolani tem a complexa missão de reconstruir o país, atender os anseios dos dissidentes e evitar a perseguição a minorias étnicas.
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