Haddad não desconfia mais do mercado?
Em dia de cotação do dólar caindo no Brasil, ministro da Fazenda, que voltou de férias mais cedo para cuidar do Orçamento, fala em "processo de acomodação natural"
Fernando Haddad (foto) celebra aliviado o "processo de acomodação natural" do dólar nesta segunda-feira, 6.
A moeda americana, que abriu o dia cotada a 6,18 reais, chegou a bater 6,10 reais com as expectativas de que o pacote de tarifas de Donald Trump será menos agressivo do que o prometido.
Questionado sobre a possibilidade de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para conter a saída de dólares do Brasil, o ministro da Fazenda, que voltou das férias mais cedo para começar a tratar da aprovação do Orçamento deste ano, demonstrou mais tranquilidade do que quando surfou de leve na narrativa petista de especulação do mercado.
"A questão do dólar, a gente precisa entender isso como... Tem um processo de acomodação natural. Nós tivemos um estresse no final do ano passado, no mundo todo. Tivemos aqui um estresse também, no Brasil", disse Haddad a jornalistas.
Regime cambial
"Hoje mesmo o presidente eleito dos Estados Unidos deu declarações de que... moderando determinadas propostas que foram ao longo da campanha. Então, é natural que as coisas se acomodem. Mas não existe discussão de mudar regime cambial no Brasil", completou o ministro.
Na verdade, Trump negou reportagem do jornal The Washington Post que informou, com base no que teriam dito fontes do governo, que os planos tarifários de Trump "cobririam apenas importações críticas".
"A história no Washington Post, citando as chamadas fontes anônimas, que não existem, afirma incorretamente que minha política tarifária será reduzida. Isso está errado. The Washington Post sabe que está errado. É apenas outro exemplo de Fake News", reclamou Trump.
Orçamento
É verdade que a expectativa sobre o governo Trump aumentou o valor do dólar no mundo inteiro desde sua vitória nos Estados Unidos, mas o real foi a moeda que mais se desvalorizou em 2024, empurrado pelas desconfianças em relação à responsabilidade fiscal do governo Lula.
Agora que o dólar deu um trégua, o ministro da Fazenda não diz que "há contatos conosco falando em especulação, inclusive jornalistas respeitáveis falando disso", nem que "nas conversas com as grandes instituições, as previsões são melhores do que os especuladores estão fazendo".
O fato é que o ministro teve de voltar das férias antes da hora porque o governo Lula não conseguiu aprovar o Orçamento deste ano antes que ele começasse, porque acordou tarde demais para a necessidade de cortar gastos e honrar com a promessa de cumprir os limites do prometido arcabouço fiscal.
A prioridade
"Não falamos sobre corte de gastos. Falamos do planejamento do ano e da questão do orçamento que ainda precisa ser votado. O presidente vai, primeiro, aguardar a eleição das mesas. Essas coisas têm que avançar um pouco mais. A prioridade é votar o Orçamento", disse Haddad após a reunião com Lula.
Sem a pressão do dólar, que atingiu o recorde de 6,30 reais no ano passado, antes das intervenções mais contundentes do Banco Central, é mais fácil falar — mas a situação das contas públicas segue a mesma, mesmo durante essa trégua momentânea.
Leia mais: Dólar indomável desmoraliza Haddad
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Comentários (1)
ADONIS SINICIO JUNIOR
2025-01-06 17:46:27Se Haddad fosse um bom economista não seria petista.