Haddad na República do improviso
A história se repetiu seis meses depois, porque, ao contrário do que diz Haddad, o governo não está no rumo certo

A história se repetiu seis meses depois. O governo Lula tinha uma "notícia boa", por assim dizer, para dar, mas a anulou no nascedouro.
Os complacentes agentes do mercado tinham ficado satisfeitos com o anúncio do bloqueio de 31 bilhões de reais no Orçamento, que pelo menos apoia a narrativa fantasiosa de que o governo se preocupa com o cumprimento do arcabouço fiscal e com a própria saúde fiscal.
O aumento das alíquotas do Imposto sobre Operação Financeiras (IOF), que tinha vazado antes mesmo do anúncio oficial, já era ruim o bastante, mas a coisa piorou quando o Ministério da Fazenda teve de voltar atrás em parte do decreto, para não dar a entender que estava bloqueando remessas para o exterior.
No fundo, o governo queria só aumentar impostos mesmo, para sustentar a gastança liderada por Lula.
Dólar na Lua
Ocorreu exatamente o mesmo em novembro de 2024, quando Fernando Haddad anunciou o débil pacote de corte de gastos junto com a promessa de ampliar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil reais por mês — sem a garantia de uma contrapartida para os recursos de que o governo abriria mão.
A ampliação da isenção segue uma promessa, que ainda inicia seu caminho na Câmara dos Deputados, mas seu efeito para a reputação do governo foi sentido no fim do ano passado, quando o dólar passou semanas acima dos 6 reais.
A história se repetiu nesta semana porque.o governo é o mesmo, não mudou nada desde choque de realidade que teve em dezembro. Pior: está ainda mais desesperado por recuperar algum pedaço da popularidade perdida ao longo de seus dois anos.
Rumo
"Não temos nenhum problema em corrigir rota, desde que o rumo traçado pelo governo seja mantido, de reforçar o arcabouço fiscal, cumprir as metas para saúde financeira do Brasil", disse o ministro Haddad ao tentar explicar o recuo no aumento do IOF.
A afirmação não faz sentido, porque o rumo traçado pelo governo não é o de cumprir as metas para a saúde financeira do Brasil. A responsabilidade fiscal do governo não passa do discurso — um discurso, aliás, que os governistas têm cada vez menos vontade de fazer.
Lula ampliou excessivamente os gastos do governo, trocou o teto de gastos por regras mais frouxas e seus subordinados fazem truques para passar a impressão de que as estão cumprindo, enquanto se espalham benesses eleitoreiras e irresponsáveis — e nós nem chegamos ao ano eleitoral.
É por isso que o governo não consegue dar boas notícias. Nessa "República do improviso", como definiu o senador Sergio Moro (União-PR), a única certeza é que virão mais truques, e quem disser que se surpreende com eles estará mentindo.
Leia mais: Um governo refém de Nikolas Ferreira
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Comentários (1)
ALDO FERREIRA DE MORAES ARAUJO
2025-05-24 10:39:45Lula só sabe governar abrindo (ou arrombando) o cofre, tanto para fazer gastos eleitoreiros, como para comprar aliados (cúmplices). E sempre "escorrega" algum milhão para bolsos próprios e dos cúmplices. Foi assim nos mandatos anteriores, não sei porque alguém poderia esperar algo diferente.