França novamente à beira do caos político e econômico
A dissolução da Assembleia Nacional em junho trouxe uma sequência contínua de incertezas políticas na França, afetando tanto os mercados financeiros quanto a confiança dos investidores
A decisão do governo francês de recorrer ao artigo 49.3 da Constituição para aprovar o Projeto de Lei de Financiamento da Segurança Social (PLFSS) sem votação parlamentar tem gerado grande instabilidade política.
O partidos de extrema esquerda, La France Insoumise (LFI) e de direita nacional-populista, Rassemblement National (RN) anunciaram a intenção de apresentar moções de censura contra o governo. Marine Le Pen, líder do RN, reiterou que apoiará todas as moções de censura, independentemente da origem partidária.
Instabilidade econômica
Este cenário tem exacerbado a percepção negativa dos credores internacionais sobre a estabilidade econômica da França. A taxa de juros francesa ultrapassou as da Espanha e Portugal e aproxima-se perigosamente dos níveis da Grécia durante sua crise financeira há cerca de 15 anos.
Se o governo cair, é provável que haja um aumento ainda maior nas taxas de juros, o que agravaria o custo da dívida pública francesa, que já atinge impressionantes 3.228 bilhões de euros.
O ministro do Orçamento, Laurent Saint-Martin, alertou que os custos anuais apenas com os juros podem alcançar 60 bilhões de euros.
A dissolução da Assembleia Nacional em junho trouxe uma sequência contínua de incertezas políticas na França, afetando tanto os mercados financeiros quanto a confiança dos investidores.
Governo à beira da deposição na França
A medida drástica tomada por Barnier de acionar o polêmico artigo 49.3 da Constituição francesa para aprovar o orçamento da Segurança Social sem votação parlamentar reflete sua dificuldade em obter apoio suficiente no parlamento, onde sua base de 211 deputados não é suficiente para garantir a aprovação do orçamento.
Enquanto o presidente Emmanuel Macron estava em visita oficial à Arábia Saudita, a oposição ao governo intensificava-se.
Marine Le Pen, líder do RN, aliou-se ao Nouveau Front Populaire (NFP) e prometeu apresentar uma moção de censura contra o governo Barnier. Tal movimento coloca os ministros do governo em uma posição delicada, ameaçando a estabilidade do Executivo.
Beco sem saída
A França enfrenta a perspectiva de instabilidade política e econômica às vésperas do Natal. "Estamos num beco sem saída", declarou o deputado Karl Olive, da coalizão governista Renaissance.
As negociações entre o governo e o RN foram intensas até os últimos momentos. Barnier tentou apaziguar Le Pen com concessões significativas, incluindo a desistência da redução dos reembolsos de medicamentos prevista para 2025.
No entanto, a exigência adicional de indexar totalmente as pensões à inflação foi rejeitada por Barnier, resultando na promessa de censura total por parte do RN.
A decisão de Barnier de prosseguir com o artigo 49.3 foi recebida com críticas ferozes tanto dentro quanto fora do governo. Parlamentares macronistas expressaram desconforto com as concessões feitas ao RN e alertaram sobre os riscos de um "caos" econômico.
Futuro de Macron
A crise não só ameaça desestabilizar o atual governo como também coloca em questão o futuro político de Macron.
Dentro do NFP, há demandas por um novo governo liderado pela esquerda. Enquanto isso, figuras influentes no cenário político começam a discutir abertamente a possibilidade de novas eleições presidenciais como solução para a crise política que se desenha no horizonte francês.
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