Fachin critica 'uso retórico' das mensagens hackeadas em julgamento a favor de Lula
Relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin (foto) criticou nesta terça-feira, 23, o "uso retórico" das mensagens hackeadas dos procuradores de Curitiba no julgamento da Segunda Turma que decidiu pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro na ação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolvendo o tríplex do Guarujá....
Relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin (foto) criticou nesta terça-feira, 23, o "uso retórico" das mensagens hackeadas dos procuradores de Curitiba no julgamento da Segunda Turma que decidiu pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro na ação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolvendo o tríplex do Guarujá.
Fachin afirmou que os sete argumentos apresentados pela defesa de Lula como prova da suspeição de Moro "estão delimitados" desde quando o recurso foi impetrado pelos advogados do ex-presidente no STF, em novembro de 2018. No mês seguinte, ele e a ministra Cármen Lúcia votaram contra o pedido do petista, e Gilmar Mendes pediu vista do processo.
Gilmar só retomou o julgamento no início deste mês, um dia após Fachin anular todas as condenações de Lula na Lava Jato, entendendo que a 13ª Vara Federal de Curitiba, que foi comandada por Moro, não tinha competência para julgar o petista porque não ficou provado que os crimes imputados a ele tinham relação com o esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.
O único fato novo neste período, destacou Fachin, foi a divulgação das mensagens hackeadas da Lava Jato de Curitiba, que foram usadas por Gilmar e pelo ministro Ricardo Lewandowski como "reforço argumentativo" em seus votos pela suspeição de Moro, no dia 9 de março.
A estratégia de Gilmar de segurar em seu gabinete o habeas corpus de Lula por mais de dois anos e colocá-lo em julgamento depois que a defesa do petista teve acesso à íntegra das mensagens hackeadas e começou a anexá-las em um outro processo público no STF deu certo.
Nesta terça-feira, Cármen Lúcia alterou seu voto dizendo que o "cenário" mudou, embora tenha dito desconsiderar o conteúdo dos diálogos obtidos por hackers em seu novo voto, apenas os fatos que já tinham sido apresentados em 2018. Essa mudança de voto de Cármen pautou a manifestação de Fachin.
"Entendo e advirto que vejo com dificuldades julgarmos o tema de fundo, isto é, a suspeição do magistrado, por meio de um uso retórico do material apreendido com os hackers na Operação Spoofing", afirmou Fachin. "Não há qualquer argumento novo, a meu modo de ver, a fim de justificar qualquer ato revisional pedido pela sempre atilada e combativa defesa técnica", completou.
Fachin disse que os "diálogos apresentados são graves" e "merecem ser apurados" pelo Judiciário, mas não poderiam ser usados de forma retórica no julgamento da suspeição de Lula, sem que as mensagens tenham sido oficialmente periciadas para assegurar que não foram modificadas e sem a "indispensável oitiva do ex-magistrado e dos membros do Ministério Público".
"Por mais graves, e são graves, que sejam os fatos trazidos pela defesa,
eles devem ser apurados, seguidos rigorosamente o devido processo legal", afirmou Fachin. Segundo o ministro, "seria irônico, quando não absurdo completo", utilizar sem a devida apuração um "material com potencial para anular integralmente a Operação Lava Jato".
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Comentários (10)
Marcos Bezerra
2021-03-24 10:37:06Façam uma pesquisa com os mineiros sobre o novo voto da ministra Carmen Lúcia e verão o resultado. Como disse o ministro Fachin não havia novos argumentos trazidos pela defesa; o que havia eram novas “provas ilícitas” indevidamente juntadas aos autos pela conhecida retórica verbal de Gilmar Mendes. Que voto tosco demonstrado na fala vacilante. Ou o Plenário muda tudo isso, ou o STF afunda de vez e dará motivo aos que sonham com um regime autoritário. O perigo está no ar, Excelências!!
Roberto
2021-03-24 10:37:04provas ilícitas valem!!! Em que planeta ?
Alvaro
2021-03-24 09:10:34Esses cúmplices do crime vestidos de togas jurisprudenciais do tal dito supremo tribunal são o que de mais deslavado poderia existir numa côrte de justiça. E seus músculos faciais sequer tremem de tanta ignomínia. Valei-me, Senhor das Trevas. Apcosta/df
Francisco de Assis Oliveira
2021-03-24 00:18:11carmen lúcia envergonhou o povo brasileiro, em especial os mineiros, com sua mudança de voto sob argumentos pífios...se acordou diante do crápula GM ou considerou como provas as mensagens do hacker... enfim, o voto da carmen foi uma VERGONHA...
VARLICE
2021-03-23 23:14:56Ministra Cármen Lúcia, o cenário continuou o mesmo, assim como a senhora. Ministro Fachin, não fosse o senhor e sua atitude que sinda carece de explicação e não estaríamos hoje onde estamos. Então, não adianta agora justificar ou reclamar.
Marcos Ivan
2021-03-23 22:05:41Ministro Fachin, com todo respeito, toda a argumentação do par Gilmar Mendes foi de exarcebada retórica; parecia mais um político discursando. É vexatório para milhões de brasileiros que o trabalho do ínclito Juiz Sérgio Moro seja destruindo assim e em sede de habeas corpus e sob invocação de provas espúrias. Ministro é perigoso que essa decisão leve o povo a querer a instalação de um regime autoritário, esse é o grande problema.
Frederico
2021-03-23 19:48:23Ministro babaca. Ministra idiota.
José
2021-03-23 19:46:03Carmen Lúcia teve medo de enfrentar o dono do STF. Viva a corrupção!!
Solange
2021-03-23 19:31:26Viva a corrupção!!! Faltará serviço público de qualidade para todo sempre
MARCOS
2021-03-23 19:13:48A POLÍTICA VENCEU A JUSTIÇA. ESTÁ TUDO DOMINADO.