Ex-aliado do chavismo admite conspiração com as FARC e tráfico de cocaína
Hugo "El Pollo" Carvajal, ex-chefe de inteligência da Venezuela, se declarou culpado em tribunal dos Estados Unidos

O ex-general Hugo "El Pollo" Carvajal, antigo chefe da inteligência militar da Venezuela nos regimes de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, declarou-se culpado em um tribunal distrital dos Estados Unidos por conspiração com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e participação em um esquema de narcotráfico.
Em audiência em Manhattan, Carvajal admitiu a culpa em acusações criminais de conspiração para narcoterrorismo, importação de cocaína e porte ilegal de armas de fogo.
A confissão foi confirmada pelo Departamento de Justiça e a DEA (Agência de Repressão às Drogas dos Estados Unidos, na sigla em português).
Em 2008, Carvajal foi incluído na 'Lista Clinton', que identifica indivíduos e autoridades suspeitas de envolvimento com o narcotráfico.
Esquema
Segundo o procurador Jay Clayton, Carvajal utilizou seu cargo na Diretoria de Inteligência Militar (DIM) da Venezuela para facilitar o tráfico de cocaína e estreitar alianças com grupos ilegais, especialmente as FARC, da Colômbia.
"A realidade perturbadora é que poderosos funcionários de governos estrangeiros estão conspirando para inundar os EUA com drogas que matam e debilitam", disse.
A acusação aponta que o ex-diretor da inteligência venezuelana atuou em parceria com o Cartel de Los Soles para exportar a droga aos Estados Unidos.
"Ao fazer isso, Carvajal Barros se associou a um grupo terrorista mortal para apoiar seus esforços combinados de tráfico de drogas e terrorismo, causando estragos em comunidades dos Estados Unidos e em outros lugares.
A confissão de culpa de hoje demonstra nosso compromisso em responsabilizar funcionários estrangeiros que abusam de seu poder para envenenar nossos cidadãos. Elogio os esforços extraordinários de nossos aliados na aplicação da lei na Divisão de Operações Especiais da DEA e de nossos outros parceiros na aplicação da lei aqui e no exterior", afirmou Clayton.
O administrador interno da DEA, Robert Murphy, disse que o ex-oficial "explorou sua posição como diretor da inteligência militar venezuelana e negligenciou sua responsabilidade com o povo venezuelano de prejudicar intencionalmente os Estados Unidos."
"Após anos tentando escapar da polícia, Carvajal Barrios provavelmente passará o resto da vida em uma prisão federal. Como evidenciado neste caso, a DEA perseguirá implacavelmente qualquer pessoa que use violência, drogas e intimidação para comprometer a segurança dos Estados Unidos", acrescentou Murphy.
A sentença de Carvajal será proferida em 29 de outubro.
Ele pode ser condenado à prisão perpétua.
Fugas e prisões
Em 2014, Carvajal foi preso em Aruba, no Caribe, por ordem nos EUA.
Na ocasião, ele ocupava um cargo consular, o que possibilitou sua liberação.
Cinco anos depois, na Espanha, Carvajal foi detido novamente.
No entanto, conseguiu escapar antes de ser extraditado.
Em setembro de 2021, ele foi capturado novamente em Madri, onde enfrentou uma longa batalha judicial e acabou sendo extraditado aos Estados Unidos.
Rompimento com Maduro
Carvajal era dos principais nomes de confiança do ditador Hugo Chávez.
Após a morte dele, o ex-oficial seguiu apoiando o regime de Nicolás Maduro.
Em 2017, ele rompeu com Maduro e tornou-se um crítico da ditadura venezuelana.
Carvajal acusou a ditadura chavista de assassinar centenas de jovens opositores, submeter o povo venezuelano a condições subhumanas e de aliar-se a organizações criminosas.
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